Saboreando a palavra

20/09/2018

“Caminhar na estrada de Jesus” – Mc 9,30-37 – Prosseguimos neste 25º Domingo do TC, caminhando com Jesus pelas estradas da Galileia, rumo a Jerusalém, seu destino final. O que poderia nos questionar é que, enquanto Jesus volta a falar dos conflitos e da cruz que virão pela frente, os discípulos discutem entre si sobre quem seria o maior. Talvez até nos surpreendamos com tal atitude. Esperávamos que, caminhando na estrada de Jesus por algum tempo, os discípulos tivessem assimilado a proposta de Jesus e do seu Reino. A discussão dos discípulos sobre quem seria o maior revela que não fizeram opção por Jesus e seu projeto, de todo o coração. Não assumiram a causa. Talvez só O seguissem por conveniência ou buscando vantagens pessoais, como ainda ocorre hoje em tantas situações. O comportamento deles revela os esquemas sociais nos quais eles e nós estamos inseridos, esquemas estes que hierarquizam as pessoas, umas são mais outras menos, umas na exclusão e outras na primazia em tudo. Os seguidores de Jesus com tal visão, são incapazes de dar continuidade a esse projeto que se fundamenta no serviço gratuito e não nas pretensões de grandeza, prestígio ou domínio. O poder é busca constante na sociedade. A campanha eleitoral que o diga. Mas é tentação permanente também na VR e em toda a Igreja. A sede do poder corrompe as relações e tem corrompido nossas Igrejas e Congregações religiosas. Não há poder mais perigoso do que o religioso, exercido em nome de Deus! Quantos sofrimentos e males são causados por essa sede de poder, disfarçada como mandato de Deus! E Jesus não dá tréguas a esta ganância pelo poder: “entre vocês não será assim”. E toma uma criança, que é um ícone do “sem poder” no tempo de Jesus, e a coloca “no meio deles”. O convite é a acolhida dos “sem poder”. Só assim se é seguidor de Jesus, o servo essencialmente “sem poder”. Que este evangelho nos ilumine neste período eleitoral brasileiro, onde a disputa pelo poder está desvirtuando todo sentido da política como serviço ao bem comum. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ