Segundo domingo do Advento

06/12/2018

“Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais” – Lc 3,1-6

O segundo domingo do Advento nos situa em clima de expectativa mais intensa pela chegada da salvação. O convite a nós dirigido é a conversão, para acolhermos a salvação que virá por meio de Jesus. O personagem central do Evangelho é João Batista e sua missão. Porém a finalidade é tornar conhecida a pessoa e a missão de Jesus e o inicio de um novo tempo, de uma nova história. O v 1 inicia situando o contexto político e religiosos da época. São citados os governantes, seus títulos, seus espaços de domínio e governo, bem como as maiores autoridades religiosas Judaicas e suas funções. Certamente Lucas não visa ser um historiador a nos informar quem era que estava no poder no momento em que o Batista entrou em ação. Mesmo que Lucas inicie seu Evangelho dizendo que fez “cuidadosa investigação dos acontecimentos desde o princípio” (1,3),  o Evangelho é sempre a “Boa Nova” de Jesus e do seu Reino. Assim, o v 2 introduz o personagem central do relato: João Batista, filho do sacerdote Zacarias, e se encontra no deserto. É a ele que a Palavra de Deus foi dirigida. Não foi a nenhum dos que vivem nos palácios e detém o poder. Foi a um homem, de classe sacerdotal inferior, que se encontra no deserto. Ele é chamado a ser arauto da pregação de um batismo para a conversão dos pecados. O registro das informações e da missão do Batista busca revelar que o centro da história não está no poder político e religioso, mas na Palavra de Deus, revelada a João Batista. A chegada de Jesus é uma verdadeira virada histórica, uma revolução, que foi preparada por seu precursor, escolhido “desde o ventre materno”.  A missão do Batista é preparar o coração do povo para a acolhida do Messias que virá para estabelecer o reinado de Deus. O “deserto” é mencionado duas vezes, fazendo assim memória do Êxodo. A novidade trazida por Jesus será a libertação de toda a opressão, cuja estrutura é indicada no v. 1, com todos aqueles personagens de poder opressor. João é apresentado como profeta, dentro da tradição de Isaías. O texto citado é do 2º Isaías, escrito em contexto de Exílio, no qual o profeta busca animar os exilados para o retorno próximo e para o início de uma vida nova, de uma nova ordem social, política e religiosa. João tem clareza de que ele não é o Messias, mas sabe que sua missão é preparar os caminhos para a vinda do Messias, o Cristo. “Montanhas e colinas serão abaixadas, caminhos tortuosos serão endireitados”. Estas imagens podem indicar a opressão social, política e religiosa dos governantes sobre os pobres da Palestina. A profecia de Isaías, colocada assim na missão do Batista, se enche de uma atualidade muito concreta. Não se trata de um discurso teórico para distrair o povo que acorre ao Batista no deserto. Atinge o coração dos ouvintes e prepara-os para a mudança. O portador da boa nova de libertação, de mudança de critérios e valores, de vida plena para todos, já se aproxima. “Eu já escuto os teus sinais”. João Batista tem pressa e nos alerta para a conversão, para uma mudança de mentalidade, para um estilo de vida nova: aplainar os caminhos acidentados de nossa sociedade, marcados pelo ódio, a injustiça, a intolerância, a violência, o privilégio das elites e proclamar a salvação de Deus. “Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais” (Alceu Valença). Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ