4º domingo do Advento e o Natal já se aproxima.

20/12/2018

Saída solidária – Lc 1,39-45 – Estamos no 4º domingo do Advento e o Natal já se aproxima. A narrativa do Evangelho deste dia é uma das belas páginas do Evangelho de Lucas. Trata da visitação, do discurso inspirado de Isabel, da alegria do menino desde o ventre materno. Quando Maria soube da gravidez de Isabel, “saiu apressadamente”. Chegando, Maria entra na casa de Zacarias e saúda Isabel… (1,40). Certamente não se trata de uma distração do evangelista ao nos escrever tal detalhe. A casa, espaço preferencial da mulher, é também o lugar da grande boa nova trazida por Jesus. A casa, de ora em diante, será o lugar do encontro da nova comunidade, da Igreja. Na casa, Isabel acolhe Maria e é neste espaço que Maria rompe com a invisibilidade de Isabel, que estava oculta por cinco meses (Cf Lc 1,24). Maria não só rompe com o ocultamento de Isabel,  mas resgata o direito à palavra e à proclamação pública da ação do Senhor. A mulher, a quem era negado o direito à palavra, que se manteve escondida por cinco meses, proclama agora aquilo que será fundamental para a teologia mariana ao longo da História. Emblemático é que estas afirmações tenham sido colocadas na boca de uma mulher, que já estava idosa e era estéril. Realmente a revelação dos mistérios mais profundos de Deus vem dos pequenos, dos fracos, dos pobres, dos excluídos. Isabel, “cheia do Espírito, exclamou em alta voz” (Lc 1,41). “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre’ (Lc 1,42).“Como mereço que a Mãe do meu Senhor venha me visitar” (Lc 1,43). “Feliz aquela que acreditou” (Lc 1,45).“O menino saltou de alegria em meu ventre” (Lc1,44). O evangelista ainda detalha  que Isabel proclama em “altos brados”, em alta voz. Não foi apenas um murmúrio. Quem era silenciada, humilhada, agora proclama, grita, solta a voz, e isto em altos brados. A louvação “Bendita entre as mulheres” tem antecedentes véterotestamentários. No livro de Juízes, quando Jael mata Sísara em defesa da vida do povo de Israel, os guerreiros cantam: Bendita entre as mulheres, Jael, que nos livrou de nossos inimigos (Jz 5,24). O mesmo ocorre com Judite, ao decapitar Holofernes, o inimigo que queria exterminar o povo judeu. Uzias reza: Bendito sejas tu… (Jt 13,18). As antecedentes véterotestamentárias são exaltadas por sua capacidade de luta em favor da vida do seu povo. Maria está nesta linhagem: mulher que se doa pela vida de seu povo. O menino salta de alegria – O ventre de Isabel, ventre de uma mulher estéril e idosa, é um ventre profético. Faz o menino saltar de alegria, antecipar a alegre boa nova de Jesus, anunciar a esperança, proclamar a boa notícia da salvação que se aproxima. Em linguagem metafórica, podemos afirmar que os ventres das mulheres, umas mais jovens, outras já em idade avançada, são chamados a serem ventres igualmente proféticos, como o de Isabel que, de escondida, silenciada, se transformou em mulher de “ventre  profético” (cf. Lc1,43). Ou como o de Maria, uma jovem, de gravidez conturbada, sofrendo a desconfiança de José, mas que traz no seu ventre a utopia de um mundo novo. Neste encontro destas duas mulheres marginalizadas: uma idosa e estéril, outra muito jovem, não casada e grávida, se revela a misericórdia de Deus.

Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ