6º Domingo do TC e a Palavra de Deus,

14/02/2019
 “O contrário é o lado certo” – Lc 6,17.20-26 – No 6º Domingo do TC e a Palavra de Deus,  revelada pelo Evangelho de Lucas, vai “estreitando o caminho” dos seguidores de Jesus. Lucas é o evangelista do “caminho”, um caminho que leva à vida plena, mas que foge dos padrões convencionais de vida, realização, ideal estabelecidos pelo nosso mundo. Quando nós hoje falamos em caminho ou estrada, nosso imaginário vai para estradas bem construídas, pistas asfaltadas, sem curvas acentuadas e, muito menos, estradas danificadas. Outras vezes romantizamos caminhos em meio a árvores floridas ou palmeiras viçosas. “Jesus Caminho” não pode ser equiparado a esse nosso imaginário. Isto fica muito evidente no Evangelho de Lucas. Trata-se do evangelho das Bem-Aventuranças, narrado também por Mateus, mas com consideráveis diferenças. Em Mt este discurso se dá na Montanha e são oito ou até nove “Bem-aventuranças”. É um Evangelho escrito para judeu-cristãos. A montanha faz eco ao Monte Sinai e às tábuas da Lei.  Mateus acentua a alegria de quem, no mundo presente,  não tem acesso às alegrias convencionais da sociedade. Jesus é a nova aliança, no qual “o contrário é o lado certo”.   Lucas, que escreve seu Evangelho aos cristãos de origem grega, uns com mais bens materiais, outros pobres, excluídos, escravos…  coloca este discurso numa planície. Era a planície o lugar das Assembleias gregas, nas quais se tomavam decisões de forma já democrática. É o lugar da reunião do povo.  São quatro “Bem –aventuranças” e quatro, diríamos, “mal aventuranças”. Trata-se também da proclamação do inverso da maneira de pensar da sociedade. Riqueza, fartura, alegria, boa fama eram, e pretendem ser para sempre, o lado certo da história. O Reino de Deus inverte esta ordem. Nele serão felizes os pobres, os famintos, os tristes, os que são perseguidos, algo inconcebível, tanto para a cultura judaica quanto a grega. E continua inconcebível para a sociedade capitalista de nossos dias. A bem da verdade, é praticamente impossível harmonizar “capitalismo” com a Boa nova de Jesus. “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16,13). São opostos radicais. Certamente São Francisco compreendeu a profundidade da afirmação de Jesus. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ