Lições de tragédias humanas

21/03/2019

Lições de tragédias humanas – Lc 13,1-9 – O Evangelho do 3º domingo da quaresma deste ano é mais um convite à conversão. No contexto da CF, cujo tema vem trazendo polêmicas, por força do atual momento político, a narrativa lança luzes para darmos novos passos em relação à “Fraternidade e Políticas Públicas”. É preciso construir um mundo mais justo e fraterno. As tragédias que marcam o nosso momento atual, não são motivos para buscar culpados apenas, mas podem ser ocasião de uma reflexão sobre nossas fragilidades e incoerências, nossas condutas e ações. É o que transparece na primeira parte da narrativa deste domingo (Lc 13,1-5). Certamente muitos irão se ater na parábola da figueira (vv 6-9), na qual Jesus insiste na paciência divina e na necessidade de nosso engajamento paciente em vista dos frutos desejados.  Mas vale nos achegar um pouco mais da primeira parte do episódio narrado (vv.1-5). “Algumas pessoas” se aproximam de Jesus e informam sobre uma insensatez praticada pelo governador Pilatos. Uma agressão sem precedentes: misturar sangue humano com o sangue dos sacrifícios de animais no templo. Sacrifícios de animais pela expiação dos pecados eram realizados no templo e Pilatos  teria massacrado um grupo de galileus e misturado seu sangue no sangue dos animais. Uma atitude facínora.  Certamente havia muitas interpretações para tal tragédia. Talvez a menos denunciada fosse a ação de Pilatos, pois as vítimas tendem a silenciar e acatar as atitudes dos detentores do poder. Isto tanto ontem quanto hoje. Outras pessoas, de tendência religiosa moralista, ou contaminadas pela teologia da retribuição, estariam acusando as vítimas como culpadas, merecedoras de tal castigo, e isentando Pilatos de qualquer responsabilidade. Neste contexto confuso e perverso, Jesus anuncia a sua Palavra, desconstrói toda a maneira de pensar e lança o desafio da mudança de foco. A vida humana é perpassada por fragilidades, sim, por desmandos de toda a ordem. A saída não está em apenas identificar culpados, mas tirar também lições das tragédias. Se não houver mudança, conversão, arrependimento, todos vamos continuar reproduzindo as ações que se constituem em verdadeiros desastres humanos. Para tal nova compreensão, Jesus narra a bela e simbólica parábola da “figueira plantada numa vinha”, que nada produz. A lei natural seria de cortá-la pois, além de nada produzir, ocupa espaço na vinha. Mas o sábio vinhateiro, cultivador de novos valores, vê outras saídas para a inútil figueira. Cultivar, cuidar, reforçar suas raízes, regar e respeitar seu tempo. O rosto da misericórdia mais uma vez se faz visão.  Oxalá esta Palavra ilumine nossa história hoje!  Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ

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