16º Domingo do Tempo Comum – Dia 21-07

19/07/2019

Continuando o caminho – Lc 10,38-42 – 16º Domingo do Tempo Comum – O Evangelho do Caminho, neste domingo, narra uma pausa nesta itinerância de Jesus. “Continuando o caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa” (v.38). Só esta introdução, por si só, já nos traz diversas boas informações. O evangelista, ao mencionar que Jesus entrou numa aldeia, nos recorda que Jesus continua sua viagem rumo a Jerusalém. O episódio faz parte do bloco narrativo do “Evangelho do Caminho”  (cf. Lc 9,51 —19,27).  Jesus continua seu caminho e os discípulos o acompanham. Na narrativa em questão não se menciona a presença de discípulos. Isto pode indicar que se trata de uma inserção literária, com intenção teológica a ser contemplada com novos olhares. Jesus segue para Jerusalém e, no caminho, realiza ações e pronuncia palavras que darão as razões de sua morte e ressurreição, e que constituem o itinerário formativo de seus discípulos. Neste seu caminhar chega a uma aldeia, onde é acolhido por duas mulheres. Em João estas duas mulheres possuem um irmão de nome Lázaro. Mas em Lucas encontramos apenas Marta e Maria. O entrar na “casa de mulheres” já causa estranhamento. Inconcebível na cultura judaica. Pode-se recordar aqui a narrativa da visita de Maria a Isabel. O próprio Lucas escreve que Maria “entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel”. A casa é de Zacarias. Aqui a “casa é de Marta”. Já é muito conhecida a alerta de Marta a respeito de Maria que não ajuda nos afazeres domésticos. Muito já se falou e se escreveu sobre este episódio, com interpretações, talvez muito longe,  da intenção do evangelista. O “sentar-se aos pés para escutar” é expressão própria de Lucas para referir-se à atitude do discípulo. A tradição rabínica proibia ensinar a uma mulher os segredos de Deus. As mulheres só podiam conhecer os preceitos da Lei, especialmente as proibições, ou seja, o que não podiam fazer. Jesus rompe com a tradição e rompe de maneira radical. Não é o discípulo que vai na casa do mestre para aprender, como faziam os rabinos que mantinham suas escolas e bem pagas. Aqui é o mestre que entra na casa das mulheres para lhes revelar os segredos de Deus. E defende o direito desta aprendizagem e desta intimidade, pois “Maria escolheu a melhor parte que lhe será tirada” (v.42). Talvez esta seja uma das intenções do autor para não mencionar a presença dos Doze e demais seguidores de Jesus no caminho. Trata-se de uma coisa nova, que rompe com tudo o que se fazia e se conhecia. Jesus vivencia o que canta a canção: “Caminheiro, você sabe, não existe caminho. Passo a passo, pouco a pouco e o caminho se faz”.