Liturgia do 18º Domingo do Tempo Comum

01/08/2019

A grande herança Lc 12,13-21 – Neste décimo oitavo domingo do Tempo Comum continuamos com Jesus em sua grande viagem para Jerusalém. Nos dois últimos domingos entramos com Jesus na casa de Marta e Maria (16º) e aprendemos dEle a melhor maneira de entrarmos em intimidade com o Pai (17º). Tudo na dinâmica do discipulado e dentro dos traços da teologia lucana: oração, discipulado, caminho, partilha, pobreza. Na narrativa deste dia, “alguém da multidão” interpela Jesus a respeito da herança. Não se trata de um discípulo, mas de um “desconhecido”. É uma grande oportunidade para uma catequese sobre os bens materiais e as consequências na vida de quem se pauta pela ganância, a autorreferencialidade. Jesus se recusa a atender a apelação do seu interlocutor, pois é difícil ou quase impossível fazer justiça a quem está dominado pela cobiça, pela ganância. Isto em todos os níveis: ganância de bens materiais, de autorreferencialidade, de poder, fama, reconhecimento…. Jesus então adverte: Tomai cuidado contra todo tipo de GANÂNCIA… a vida de um homem não consiste na abundância de bens (v 15). Para ilustrar essa verdade, conta a parábola do rico insensato que construiu grandes celeiros para armazenar sua colheita abundante, pensando assim ter segurança para viver tranquilamente. Pura ilusão! Naquela mesma noite veio a morrer… e se apresentou de mãos vazias diante de Deus. Não entendeu nada sobre humanidade, sobre solidariedade, sobre partilha. E Jesus conclui: assim acontece com quem guarda tesouros para si e não é rico diante de Deus. A cobiça dos bens (o desejo insaciável de ter) não garante a felicidade, não conduz à vida plena, não responde às aspirações mais profundas do ser humano. Mais ainda: a ganância pelos bens terrenos é a causa de terríveis males. Basta um mínimo de atenção e sensibilidade para perceber os danos que a ganância causa nas famílias, nas comunidades (inclusive religiosas), nas Igrejas, nas nações. Os povos se destroem por conta da ganância do poder, do ter, da fama, do querer ser o primeiro. Viver obcecado por toda sorte de bens é decretar o fim da humanidade, não só numérica, mas o fim do sentido de “HUMANIDADE”. Guerra, corrupção, injustiça, tudo poderia ser eliminado se o ser humano entendesse onde está a “grande herança”. O ensinamento de Jesus encontra hoje muitas barreiras para chegar ao coração humano, até mesmo dos cristãos e das pessoas consagradas. Estamos “encantados” com o bem-estar proporcionado pelo capitalismo, enquanto uma grande parcela da humanidade gostaria apenas de obter “as migalhas que caem da mesa dos senhores”. Mas estes estão muito ocupados em apoderar-se da “herança”, em ver o tamanho de seus celeiros, saber quanto rendem seus investimentos, em negociar o preço dos votos dados, em como desviar recursos obtidos, em que bancos aplicam o saldo de suas corrupções. Para estes também não há resposta a ser dada, senão um silêncio eterno de Jesus. Cabe a nós juntar tesouros “ricos para Deus”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ