Saboreando a Palavra – Dia 18-08 Assunção de N.Sra e Vida Consagrada

14/08/2019

Ir onde a vida clama” – Festa da Assunção de Maria – Neste 20º Domingo do Tempo Comum, a Igreja do Brasil celebra a festa da Assunção de Maria. Em outros países, a Igreja celebra no  dia mesmo que é 15 de agosto. Então o Evangelho do 20º domingo é de Lc 12, 49-53, em que Jesus continua seus confrontos com tudo aquilo que se opõe ao reino e faz uso de palavras muito duras em relação às exigências deste novo estilo de vida, conforme se acompanha nestes últimos domingos. Porém, sendo o Site da Congregação alimentado no Brasil, vamos focar no Evangelho da Festa da Assunção. A narrativa – Lc 1,39-56 – traz o episódio da visitação, seguida do Magnificat de Maria. Quando Maria soube da gravidez de Isabel, “saiu apressadamente”. Acreditou na boa nova do anjo e correu depressa ao encontro da vida nova que já nasce ameaçada. É preciso ir onde a vida clama. Hoje vamos nos deter um pouco mais em Maria  e no seu belo Cântico, proclamado a partir do significativo encontro destas duas mulheres, portadores de “palavras de salvação” e geradoras de vida nova. Trata-se do maior texto bíblico colocado na boca de Maria (Lc 2,46-55). Aqui não se fala “sobre Maria”, mas é ela mesma quem fala e fala de Deus e das maravilhas que realizou nela, no mundo e no seu povo. Este cântico foi declarado pelos documentos de Puebla como “espelho da alma de Maria”, o “cume da espiritualidade dos pobres de Javé e do profetismo da antiga Aliança” e o “prenúncio do Sermão da Montanha”. É uma verdadeira síntese da espiritualidade bíblica. Recolhe muitas citações ou evocações do Antigo Testamento, especialmente do cântico de Ana (1Sm 2,1-10).  Com este cântico, conhecido como Magnificat, é celebrada a grandeza de Deus que, com o anúncio do anjo e com as manifestações das duas mulheres, revela o verdadeiro agir de Deus, que supera todas as esperanças do povo e manifesta os mais nobres anseios da alma humana. O cântico, com certa audácia, prediz a inversão da ordem até então estabelecida. “Sua misericórdia perdura de geração em geração”, e não a “vingança de nosso Deus” (cf Is 61,2). “Ele agiu com a força de seu braço… derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu os ricos sem nada” (Lc 1,51-53). “Com esta leitura da ação de Deus Maria nos leva a descobrir os critérios da misteriosa ação de Deus, confundindo os critérios do mundo. Ele vem em auxílio dos pobres e pequenos, em oposição aos ricos e poderosos, e, de modo surpreendente, enche de bens os famintos e despede os ricos sem nada”. (cf Redemptoris Mater,37). O estudioso J. Dupont afirma que o Magnificat traz uma estrutura que bem manifesta ser um cântico de Louvor e um grito de libertação de um povo. Pode ser assim organizado: 1) Ação divina em Maria: mensagem pessoal; 2) Ação divina na humanidade: mensagem social; 3) Ação divina no Povo de Israel: mensagem ética. Certamente trata-se de um Cântico que requer a superação de uma simples forma de piedade pessoal e resgatar seu clamor profético que está na sua raiz. É preciso “ir onde a vida clama”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ