3º Dom. TC dia 26-01

22/01/2020

“O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz” – Mt 4,12-23 – O Evangelho deste terceiro domingo do Tempo Comum, do ano A, descreve a realização da promessa profética de Isaías (1ª Leitura): Jesus é a luz que começa a brilhar na Galileia das nações e propõe à humanidade a Boa Nova da chegada do “Reino”. Ao apelo de Jesus, respondem os discípulos: eles serão os primeiros destinatários da proposta e as testemunhas encarregadas de levar o “Reino” a toda a terra. O texto que nos é proposto como Evangelho funciona um pouco como texto-transição, que encerra a etapa da “preparação” de Jesus para a missão (cf. Mt 3,1-4,16) e que lança a etapa do anúncio do Reino. Jesus se encontra na Galileia, região setentrional da Palestina, zona de população judaica e pagã, e ponto de encontro de muitos povos. Informa ainda que Jesus está Cafarnaum, que está situada no limite do território de Zabulão e de Neftali, na margem do lago de Genezaré, na rota do “caminho do mar”, rota que ligava o Egito e a Mesopotâmia. Era considerada a “capital judaica” da Galileia, em oposição a Tiberíades, “capital política” da região, por causa dos seus costumes gentílicos e por estar construída sobre um cemitério, evitada pelos judeus. A sua situação geográfica abria-lhe, também, as portas dos territórios dos povos pagãos da margem oriental do lago. Na primeira parte da narrativa (cf. Mt 4,12-16), Mateus informa que Jesus abandona Nazaré, o seu lugar de residência habitual, e se transfere para Cafarnaum, lugar de maior circulação de pessoas. Mateus descobre nesse facto um significado profundo, à luz de Is 8,23-9,1: a “luz” que havia de eliminar as trevas e as sombras da morte de que fala Isaías é, para Mateus, o próprio Jesus. Na terra humilhada de Zabulão e Neftali, vai começar a brilhar a luz da libertação; e essa libertação vai atingir, também, os pagãos que acolherem o anúncio do Reino. É bem significativo que o primeiro anúncio de Jesus não seja no Templo, nem na Judeia, mas na Galileia, terra onde os gentios se misturam com os judeus. Mais ainda em Cafarnaum, lugar que, pela sua situação geográfica, é uma ponte para as “terras dos pagãos”. O anúncio libertador de Jesus apresenta, desde logo, uma dimensão universal. Na segunda parte (cf. Mt 4,17-23), Mateus apresenta o lançamento da missão de Jesus: ‘A partir deste momento, Jesus começou a pregar, dizendo: convertei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus” (Mt 4,17). De forma clara se diz que  Jesus veio trazer “o Reino”. Mateus então descreve o chamamento dos primeiros discípulos (vv. 18-22). Não se trata de um relato jornalístico de acontecimentos, mas de uma catequese sobre o chamamento e a adesão ao projeto do “Reino”. Através da resposta pronta de Pedro e André, Tiago e João, propõe-se um exemplo da conversão radical ao “Reino” e de adesão às suas exigências. A resposta dos quatro discípulos ao chamamento é exemplar: renunciam à família, ao seu trabalho, às seguranças instituídas e seguem Jesus sem condições. Esta ruptura indicia uma opção radical pelo “Reino” e pelas suas exigências. É o que se propõe a todos os discípulos e discípulas de Jesus. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ.