1º Domingo da Quaresma – 2020

26/02/2020

Urgência da Conversão – Mt 4,1-11 No início da nossa caminhada quaresmal, a Palavra de Deus convida-nos à “conversão”. O Papa Francisco, em sua mensagem para a quaresma de 2020, acentua a “urgência da conversão” e que Deus tem uma vontade apaixonada de dialogar com a humanidade.  Conversão urgente, num mundo secularizado, para recolocar Deus no centro da nossa existência, a aceitar a comunhão com Ele, a escutar as suas propostas, a concretizar no mundo os seus projetos. O Evangelho apresenta, de forma catequética, o exemplo de Jesus. Ele recusou absolutamente viver fora do projeto de Deus.  A cena das tentações é relatada logo após o Batismo de Jesus (cf Mt 3,13-17) e antecede a sua vida pública. No Batismo, o Pai havia declarado ser Jesus o Filho amado. O tentador agora convida-O a subverter a proposta do Pai. A cena coloca-nos no deserto. Mateus diz explicitamente que “Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, a fim de ser tentado pelo demônio”. Os quarenta dias e quarenta noites que, de acordo com o relato, Jesus aí passou, resumem os quarenta anos que Israel passou em caminhada pelo deserto. O deserto é, no imaginário judaico, o lugar da “prova”, onde os israelitas experimentaram, por diversas vezes, a tentação do abandono de Jahwéh e do seu projecto de libertação.  Deserto é, também, o lugar do encontro com Deus, o lugar da descoberta do rosto de Deus, o lugar onde o Povo fez a experiência da sua fragilidade e pequenez e aprendeu a confiar na bondade e no amor de Deus. O relato das tentações não é uma reportagem histórica elaborada por um jornalista que presenciou um combate teológico entre Jesus e o diabo. É uma página de catequese que quer nos ensinar que Jesus, apesar de ter sido “atraído pelas propostas tentadoras” de seguir por outro caminho, soube ser fiel ao Pai. O relato do diálogo entre Jesus e o diabo, é elaborado com citações do Antigo Testamento.  Jesus teve diante de si três opções. A primeira era a de escolher um caminho de satisfação de necessidades materiais, fazer dos bens materiais a prioridade fundamental da vida. Como ocorre com tantos no mundo de hoje. Mas Jesus opta pelo cumprimento da Palavra de Deus. A segunda opção sugere que Jesus poderia ter escolhido um caminho de êxito fácil, mostrando o seu poder através de gestos espetaculares e sendo admirado e aclamado pelas multidões. A terceira opção era a de escolher um caminho de poder, de domínio, de prepotência, ao jeito dos grandes da terra. As três tentações são três dinâmicas de uma única tentação: a de seguir fora do projeto de Deus, de escolher um caminho centrado em si, de domínio, de poder e não serviço. Uma opção de seguir à margem das propostas de Deus. Mas Jesus assume a sua identidade de ser “filho amado do Pai” e confirma sua missão de Servo, em vista da redenção da humanidade. A narrativa das tentações é como um espelho para nele nos focarmos e confrontar as nossas opções de vida e, assim, reconhecermos o quanto é urgente a nossa conversão….  Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ