2ºDom. Quaresma – 08.03

04/03/2020

Ouçam meu filho amado – Mt 17,1-9 – No segundo Domingo da Quaresma o Evangelho relata a transfiguração de Jesus. Recorrendo a elementos simbólicos do Antigo Testamento, o evangelista apresenta-nos Jesus, o Filho amado de Deus, que vai concretizar o seu projecto libertador, em favor da humanidade, através do dom da vida. Aos discípulos, desanimados e assustados, Jesus mostra o caminho do dom da vida, que não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. A narrativa está inserida no contexto maior do discipulado segundo o Evangelho de Mateus (cf Mt 16,21-20,34). O relato da transfiguração de Jesus vem logo após o primeiro anúncio da paixão (cf. Mt 16,21-23) e da instrução sobre as atitudes próprias do discípulo: a renunciar a si mesmo, a tomar a sua cruz e a seguir Jesus. (cf. Mt 16,24-28). Depois de terem ouvido falar do “caminho da cruz” e de terem sido informados sobre aquilo que Jesus pede aos que o querem seguir, os discípulos estão desanimados e frustrados, pois a decisão que tomaram de seguir este líder, parece encaminhar-se para um grande fracasso. A cruz no horizonte frustra os seus sonhos de glória, de honras, de triunfos. Vem a grande dúvida: vale a pena seguir um mestre que nada mais tem para oferecer do que a morte na cruz? O episódio da transfiguração visa recobrar o de ânimo dos discípulos que recebem, assim, a garantia de que o projecto que Jesus apresenta é um projecto que vem de Deus. Literariamente, a narração da transfiguração é uma teofania, uma manifestação de Deus. Descrito dentro do imaginário judaico, o cenário conta com o “monte”, a “voz” do céu, as “aparições”, as “vestes brilhantes”, a ‘nuvem’ e mesmo o “medo e a perturbação” daqueles que presenciam o encontro com o divino. Isto mostra que não estamos diante de um relato fotográfico de um acontecimento, mas de uma teologia destinada a ensinar que Jesus é o Filho amado de Deus, que traz ao mundo um projeto que vem de Deus. Recorrendo a simbologias do Antigo Testamento, o evangelista deixa claro que Jesus é o Filho amado de Deus, em quem se manifesta a glória do Pai. Ele é, também, o Messias libertador e salvador esperado por Israel, anunciado pela Lei (Moisés) e pelos Profetas (Elias). Mais ainda: ele é um novo Moisés, isto é, aquele através de quem o próprio Deus dá ao seu Povo a nova lei. A questão fundamental expressa no episódio da transfiguração está na revelação de Jesus como o Filho amado de Deus, em quem devemos crer, a quem devemos ouvir, amar e seguir. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ