SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR – 24/05/2020

22/05/2020

“Ide a todas as nações” – Mt 28,16-20 – A Festa da Ascensão de Jesus, que hoje celebramos, sugere que, após uma vida de amor e doação, se volta para o Pai, para o eterno de uma vida em plenitude. O Evangelho apresenta o encontro final de Jesus ressuscitado com os seus discípulos, num monte da Galileia, impossível de identificar geograficamente. Neste cenário, a comunidade dos discípulos, reunida em torno de Jesus ressuscitado, reconhece-O como o seu Senhor, adora e recebe d’Ele a missão de ser, no mundo, testemunhas do “Reino”. O texto situa-nos na Galileia; não em Jerusalém, lugar de sua morte e ressurreição. Na Galileia vivia um número importante de gentios. Era a “Galileia das Nações”. Foi na Galileia que Jesus começou a anunciar o Evangelho do “Reino” e reuniu, à sua volta, um grupo de discípulos (cf. Mt 4,12-22). Foi na Galileia que Ele viveu quase toda a sua vida. Mateus situa o encontro final entre Jesus ressuscitado e os discípulos na Galileia, num “monte que Jesus lhes indicara”. Para Mateus, esse fato sugere que o anúncio da boa nova de Jesus tem uma dimensão universal: destina-se a judeus e pagãos. Do ponto de vista literário, o evangelho deste dia pode ser dividido em duas partes: Na primeira (vv. 16-18), temos o encontro revelador de Jesus, vivo e ressuscitado. Os discípulos O reconhecem como o Kyriós, o “Senhor” e adoram. Ao reconhecimento e à adoração dos discípulos, segue-se uma manifestação do mistério de Jesus. Mesmo assim, “alguns ainda duvidaram”. Trata-se de um indicativo da experiência de fé, que não é uma certeza científica e não exclui a dúvida. Isto reflete a realidade dos cristãos de ontem e de hoje. Cremos e duvidamos ao mesmo tempo. Suplicamos a Deus pelo fim da pandemia e, ao mesmo tempo, sofremos uma profunda aflição. Na segunda parte do Evangelho (vv. 19-20), Mateus descreve o envio dos discípulos em missão pelo mundo. A Igreja de Jesus é, essencialmente, missionária, cuja tarefa é testemunhar, no mundo, o projeto salvador do Pai, trazido por Jesus e que deixou nas mãos e no coração dos discípulos. Esta missão é marcada por duas dimensões a) Pela universalidade: a missão dos discípulos destina-se a “todas as nações”. b) Por ações bem concretas: ensinar e batizar, ou seja, levar a conhecer a proposta de Jesus e ajudar a assumir seu projeto, que é “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Fazer discípulos e batizar. Há ainda uma última boa notícia: Jesus estará sempre com os discípulos, “até ao fim dos tempos”. A missão de anunciar o “Reino” e de torná-lo uma proposta capaz de renovar e transformar o mundo é a herança deixada por Jesus na festa da Ascenção. Uma herança a nós confiada e que cabe a nós sermos fieis servidores. Uma lição especial esta festa pode nos dar neste ano, no contexto desta pandemia. Popularmente se diz que, para dar um salto, precisa recuar. A festa da Ascenção, celebrada de forma “confinada” pela grande maioria dos fiéis, é um recuo forçado para darmos o grande salto em nosso caminho de vida e de missão. Há muito que fazer para que os sinais do Reino se manifestem “em todas as nações”.  – Ir Zenilda Luzia Petry – FSJ