13º DOMINGO DO TC

25/06/2020

Perder ou ganhar a vida– Mt 10,37-42 – O Evangelho deste domingo apresenta-nos a parte final do “discurso da missão”, um discurso atribuído a Jesus e que teria sido pronunciado pouco antes do envio dos discípulos em missão. Mais do que um discurso histórico, que Jesus pronunciou de uma única vez e num único lugar, é uma “cartilha missionária” que reúne “ditos” e  “sentenças” de Jesus acerca dos “doze” e  da sua missão. Conforme já vimos em domingos anteriores, estamos na década de 80 a 90, sob o reinado de Domiciano, com crescente perseguição aos cristãos. A comunidade de Antioquia da Síria era marcada pelo vigor missionário: “ir a todas as nações”. No entanto, as condições políticas geraram confusão e desânimo. Vale a pena arriscar tudo por causa da Boa Nova do Reino, quando as condições são tão desfavoráveis? A missão dos discípulos é anunciar Jesus e continuar a percorrer o Seu caminho, incluindo o dom total da vida: “perder a vida para ganhar mais vida”. Um novo sentido para a existência, tão cheia de tribulações. O texto pode ser dividido em duas partes. Na primeira (v. 37-39), temos um conjunto de exigências radicais para quem quer seguir Jesus: superação dos laços familiares, carregar a cruz, doar a própria vida. Na segunda parte (v. 40-42), é toda a comunidade que deve anunciar a Boa Nova do Reino. A participação na ação missionária será feita de diversas maneiras. O seguimento de Jesus, porém, não é um caminho fácil, de aplausos e encorajamentos. Muitas vezes, é um caminho de incompreensões e oposições, de solidão e abandono, que leva a rupturas e opções exigentes. Se necessário for escolher entre Jesus e a própria família (v. 37), a escolha deve ser por Jesus. A ruptura com a família era uma medida extrema, que supunha um desenraizamento social quase completo. Não significa cortar relações com a própria família, mas não se pode deixar que a família ou os afetos impeçam de responder, com coerência e radicalidade, ao desafio do “Reino”. Se a alternativa for escolher entre Jesus e as próprias seguranças (v. 38), a escolha do discípulo deve ser tomar a cruz e romper com todos os esquemas de bem estar, conforto, segurança, êxito. A segunda parte do texto trata da recompensa destinada àqueles que acolhem os mensageiros da Boa Nova de Jesus. O evangelista se refere a quatro grupos de pessoas que, certamente, integram a comunidade cristã: a) os apóstolos, testemunhas primordiais de Jesus (v. 40); b) os profetas, pregadores que ajudam a comunidade a ser coerente com os valores do Evangelho (v. 41a); c) os justos,  provavelmente os cristãos procedentes do judaísmo, fiéis às tradições de Moisés (v. 41b); d) os pequenos, os que estão em processo de amadurecimento de sua opção (v. 42). Todos eles têm por missão anunciar a Boa Nova de Jesus. Em tempos difíceis, quer por razões de guerras e perseguições, quer por incompreensões religiosas ou ideológicas, ou ainda por uma “perseguição” “de uma corona vírus” como a atual pandemia, Jesus se faz presente com sua palavra de orientação e encorajamento. Trata-se de “perder ou ganhar a vida” no serviço generoso aos mais atingidos pela dor, bem como na fidelidade à missão, muitas vezes longe de familiares, amigos, longe de sua terra. “Quem perde a sua vida por causa de mim, a achará” (v 39). Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ           \