15º DOMINGO DO TEMPO COMUM

09/07/2020

 

“É tempo de semear nesta terra” – Mt 12,1-23  – A liturgia do 15º Domingo do Tempo Comum chega  em sintonia com o Boletim da Congregação (abril a junho), que nos convidou a semear igualdade, partilha, amor, mística, unidade, perdão, confiança, solidariedade, esperança, comunhão, regada pelofio d Água” da Misericórdia. O profeta Isaías, na primeira leitura, nos garante que as sementes, bem regadas, darão frutos, cumprirão sua missão para a qual foram enviadas. O Evangelho nos convoca a uma reflexão sobre a forma como acolhemos a semente da Palavra. Entramos no ciclo das “sete parábolas” sobre o Reino dos Céus, narradas no Capítulo 13 de Mateus. A que hoje nos é proposta, a do semeador e da semente, é uma das parábolas mais conhecidas e, ao mesmo tempo, uma das mais complexas e surpreendentes das parábolas de Jesus. Prova disto é que ela é seguida de explicação. O texto apresenta três partes: a) a parábola em si (vv. 1-9); b) um conjunto de “ditos” sobre a função das parábolas (vv. 10-17); c) a explicação da primeira parte (vv. 18-23). A parábola propriamente dita, segundo os estudiosos, supõe as técnicas agrícolas usadas na Palestina de então, muito diferentes das nossas hoje, em que o semeador cuida para não esbanjar as preciosas sementes e prepara bem a terra antes. Na Palestina de então, primeiro, o agricultor lançava a semente à terra; depois, passava o arado no terreno. Assim se compreende porque uma parte da semente caiu “à beira do caminho”, outra em “terrenos pedregosos onde não havia muita terra” e outra “entre os espinhos”. Nossa catequese costuma enfocar a importância de sermos “terra boa” e acolher bem a semente que germina sempre, mesmo em condições adversas. Convém, no entanto, considerar a espantosa colheita da semente que caiu em terra boa. Na época, uma colheita de “sete por um”, era considerada excelente. Colher “cem, sessenta e trinta por um” é algo espantoso, surpreendente, exagerado. Os ouvintes terão logo percebido o exagero. Segundo os estudiosos, Mateus coloca esta parábola num contexto em que a proposta de Jesus parecia condenada, rejeitada, negada (cf Mt 11 e 12). O “Reino” anunciado sofria grande contestação e parecia encaminhar-se para um grande fracasso. É muito possível que esta parábola tenha sido apresentada por Jesus neste contexto de “crise”. Mesmo em meio a tanta oposição e rejeição, a semente do reino vai frutificar. Jesus fala de um resultado final grandioso. Importante é continuar acolhendo a semente, crer nos seus frutos e participar da “semeadura nesta terra”. Nesta perspectiva, o Evangelho deste domingo chega a nós de forma muito oportuna.  Nestes tempos de tribulação, quando um “arado” parece revolver todo o chão, desconstruindo os melhores projetos de nossa vida e missão, Jesus vem a nós e diz que a colheita será de “cem, sessenta e trinta por um”. Que tenhamos confiança e coragem, pois a semente da Palavra germina sempre e ela pertence a uma outra lógica. Então “é tempo de semear as sementes do reino nesta terra”  e regá-las com as “fontes de misericórdia”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ