21° Domingo do TC

20/08/2020

A pergunta no caminho – Mt 16,13-20 – O relato do Evangelho do 21º Domingo do TC, constitui como que o centro do Evangelho de Mateus. Após ouvirmos, a cada domingo, narrativas que tratam do Reino de Deus, neste Jesus interroga os seus a respeito daquilo que constitui o coração da Boa Nova do Reino. Para termos uma visão mais completa desta narrativa, convém contextualizar o texto do ponto de vista literário. No Capítulo 16 de Mateus nos deparamos com conflitos  entre Jesus, os fariseus e saduceus  e também entre Jesus e os discípulos. Fariseus e saduceus perguntam por “sinais” realizados por Jesus. Querem outros sinais que vão de acordo com o que eles pensam (cf. Mt 16,1-4). Segue a falta de compreensão dos discípulos (cf 16,5-12), quando Jesus alerta sobre o “fermento dos fariseus e saduceus”, ou seja, a ideologia e as tradições. Os discípulos pensam que Jesus está repreendendo-os porque não trouxeram pão suficiente.  O capítulo se encerra com o anúncio da paixão e a oposição de Pedro (cf. 16,21-28). O texto deste domingo situa-nos no Norte da Galileia, perto das nascentes do rio Jordão, em Cesareia de Filipe. A cidade tinha sido construída por Herodes Filipe, no ano 2 ou 3 a.C., em honra do imperador Augusto. A geografia não é neutra. Cesareia de Filipe fica situada aos pés do Monte Hermon, onde as elites tinham suas casas de verão. Estas mesmas elites que perseguem Jesus. Neste ambiente Jesus interroga seus discípulos sobre sua identidade e missão. Trata-se de um momento decisivo da vida e missão de Jesus. Depois do êxito inicial do seu ministério, Ele experimenta a oposição dos líderes e um certo desinteresse por parte do Povo. A sua proposta do Reino não é acolhida, senão por um pequeno grupo, os discípulos, ainda com limites. É a hora da mudança de estratégias. Inicia por perguntar aos discípulos sobre si mesmo. Não se trata de medir sua popularidade, mas de clarear e confirmar a opção dos discípulos. Observemos que Jesus está a “caminho”.  Não está na sinagoga e nem no templo, lugares apropriados para o ensinamento.  Para Jesus, o “caminho” é o lugar de formação dos discípulos. E na caminhada precisa verificar se eles estão em condições de acompanhá-lo.  E Jesus interroga os discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou” (16,13)? É uma pergunta para introduzir o assunto principal. A resposta a esta pergunta foi fácil de dar. Ela é de opinião pública. Falar “sobre” Jesus é fácil. Falar “com” Jesus já é mais difícil. E mais ainda difícil é “seguir” Jesus. É o que se subentende na segunda pergunta: “E vocês, quem dizem que eu sou”? A pergunta é feita ao grupo de discípulos, mas Simão Pedro responde pessoalmente: “Tu és o Cristo (Ungido), o Filho do Deus vivo”. Um ato de fé que vai além da compreensão humana. Após a confissão, no relato exclusivo de Mateus, Jesus confere a Pedro o poder das chaves e depois proíbe de dizerem que Ele é o Messias. Prossegue anunciando a Paixão e uma morte cruel.  Pedro se opõe imediatamente e recebe uma reprimenda dura. A resposta que Pedro havia dado antes estava correta no seu conteúdo, mas seguir Jesus até a cruz vai exigir mais “caminho” a ser percorrido. É o que todos os discípulos e discípulas de ontem e de hoje estão sendo convocados a responder…  Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ