22º Domingo do TC

27/08/2020

A cruz no caminho –  Mt 16,21-27 – O Evangelho do 22º domingo do TC está na sequência daquele que lemos e refletimos no domingo passado, sobre a “pergunta no caminho”, quando Jesus interroga os seus sobre quem ele é, e Pedro, em nome do grupo, expressa sua fé em Jesus como o “Messias, Filho de Deus”. É sobre essa fé que a Igreja será edificada. Em continuidade, Jesus vai explicar aos discípulos, o sentido autêntico do seu messianismo e da sua filiação divina. Olhemos o texto mais de perto que pode ser dividido em duas partes. Na primeira (vv. 21-23), Jesus anuncia aos discípulos o seu “dever” de ir a Jerusalém e lá ser rejeitado, perseguido, morto. Dizia que “tinha de ir a Jerusalém e sofrer da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas, que tinha de ser morto… Sofrer por parte das lideranças religiosas e políticas, dos que tinham o dever de defender a vida do povo, é sofrimento ainda maior, pois, além do sofrimento físico, o sofrimento da rejeição, da humilhação, da zombaria, da traição é sempre uma dor incalculável. Compreende-se bem porque “Pedro, tomando-O à parte, começou a contestá-lo, dizendo: ‘Deus Te livre de tal, Senhor”! Isso não há de acontece’.   Pedro, que acabara de confessar que Jesus era o “Messias, Filho de Deus vivo”, rejeita este final e se opõe, decididamente, a que Jesus caminhe pelo caminho da cruz. De acordo com a tradição judaica, “um homem pendurado numa árvore é uma maldição de Deus” (cf Dt 21,22-23). Pedro deve conhecer bem os horrores da crucificação. Os historiadores da época descrevem a crueldade com que se crucificava os rebeldes. Os evangelistas relatam que Jesus foi flagelado, despido, coroado com coroa de espinhos, cuspido, transpassado… Para Pedro e os discípulos, o Messias esperado, e a quem eles seguiam, não poderia ser submetido a tal horror e não seria um “amaldiçoado de Deus”. Tanto eles quanto nós, não compreendemos o messianismo de Jesus, pois eles esperavam um Messias glorioso, triunfante, “poderoso em obras e palavras”. E Jesus diz que “tinha que morrer”, ainda que anuncie a ressurreição. Para a lógica de Pedro, que é a nossa lógica e a lógica do mundo, a vitória não pode estar na morte de cruz. Daí que, na segunda parte do texto (vv. 24-28) Jesus explica aos discípulos as razões pelas quais eles devem abraçar a “lógica da cruz”. Mostra o significado e as exigências de ser seu discípulo. Começa com o anúncio de que o caminho do Reino passa pelo sofrimento e pela morte na cruz. E Jesus convida a entender que “entregar a vida por amor” não é perdê-la, mas ganhá-la. Quem é capaz de dar a vida a Deus e aos irmãos, não fracassou, mas ganhou a vida eterna, a vida do eterno em nós (v. 25). Assim, os discípulos são convidados a perceber que a vida que gozam neste mundo não é a vida definitiva. Não devem, pois, preocupar-se em preservá-la a qualquer custo: devem é procurar encontrar, já nesta terra, essa vida definitiva que passa pelo amor total e pelo dom a Deus e aos outros. É essa a grande meta que todos devem procurar alcançar (v. 26). Os discípulos devem pensar no seu encontro final com Deus, quando então serão recompensados pelo bem que fizeram. Seguir Jesus é assumir a “cruz no caminho”, com tudo que isto significa. E isto vai ficando sempre mais evidente em nosso dia a dia. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ