2º Domingo do Tempo Comum

14/01/2021

“Ir”, “ver”, “seguir” – Jo 1,35-42  – Com este domingo iniciamos o Tempo  Comum, uns poucos domingos antes do inicio da Quaresma. Do ponto de vista teológico-espiritual, o evangelho deste dia trata do caminho vocacional, da disponibilidade para acolher os desafios de Deus e seguir Jesus. O texto faz parte da sessão introdutória do quarto Evangelho (cf. Jo 1,19-3,36). São diversos elementos presentes neste cenário inicial. O evangelista como que prepara o palco no qual vão ser apresentados os que buscam a Jesus e se dispõem a segui-lo. Num primeiro momento, o cenário é o rio Jordão (vv. 35-37). Os três primeiros personagens em cena são: João Batista e “dois dos seus discípulos”.  Estes dois já eram discípulos do Batista, abertos ao novo que devia vir. A seguir, o cenário como que se movimenta. “Jesus passava” e  João “viu”.  Ao “ver” Jesus, disse aos seus dois discípulos: “eis o cordeiro de Deus” (v. 36). A expressão “eis o cordeiro de Deus”, usada para apresentar Jesus, é, provavelmente, referência ao “cordeiro pascal”, símbolo da libertação do Egito (cf. Ex 12,3-14. 21-28). Assim, o evangelista já  sinaliza para a missão de Jesus, que  é trazer a plena libertação do povo.  A indicação e o testemunho do Batista são convincentes: “Ouvindo-o falar desta maneira, os dois discípulos seguiram a Jesus” (v 37). A reação dos discípulos foi imediata: “seguiram a Jesus”.  “Seguir Jesus” significa “ir”, “caminhar” atrás de Jesus, percorrer o mesmo caminho de amor e de entrega que Ele percorreu, assumir os mesmos objetivos de Jesus e colaborar com Ele na missão. Continuando a contemplar  o cenário, vemos Jesus e os dois discípulos em diálogo (vv 38-39). Jesus inicia com a pergunta: “A quem procurais”? Seria de esperar uma resposta direta. Os discípulos respondem com outra pergunta: “Mestre, onde moras”? Perguntar pela moradia manifesta a vontade de se inserir na família, de assumir o mesmo modo de viver. Também querem aprender com Ele, pois o chamam de “Mestre”. Querem ficar perto de Jesus, partilhar sua vida, seguir suas orientações e ordens. Jesus convida-os: “vinde ver” (v39). Mais uma resposta fora do se esperaria. Não indica endereço algum e nem condições de moradia. Jesus aceita a disposição dos dois  e mostra que devem “ir” e “ver”, pois “seguir” Jesus só por ouvir falar não sustenta a opção pelo projeto do Reino. Os discípulos aceitam o convite e fazem a experiência da partilha da vida com Jesus. A seguir, entram no cenário outros dois personagens: André e Simão (vv. 40-41). Os dois são motivados pelo testemunho dos primeiros. O diálogo entre Jesus e os dois é breve e direto. Parece que o autor do quarto Evangelho quer destacar a importância do testemunho de quem fez a experiência pessoal de convivência com Ele. Quem encontra Jesus e experimenta a comunhão com Ele, não pode deixar de se tornar testemunha da sua mensagem e da sua proposta libertadora. O encontro com Jesus, se é verdadeiro, conduz sempre a uma dinâmica missionária. A dinâmica vocacional consiste em ir, ver e seguir,  cuja consequência é “testemunhar”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ