Saboreando a Palavra

28/08/2018

“Recebei o Espírito Santo” – Jo 20,19-23 – Festa de Pentecostes! Festa do início da vivência comunitária de um novo projeto de vida, festa da grande colheita do Senhor. O Evangelho que a Liturgia nos traz neste dia enfatiza dimensões fundamentais da vida cristã: era o “primeiro dia da semana”, dia do Senhor, “no fim do dia”, os “discípulos estão reunidos”, “a paz esteja com vocês”, o “perdão dos pecados”… Estão com as “portas trancadas por conta do medo”, mas estão juntos, solidários até no seu medo. A primeira palavra neste encontro é uma palavra de Paz. A paz, a plenitude do bem esteja com vocês. Shalom, ícone deste novo modo de vida. É a Igreja que se inicia de forma tímida, frágil, a exemplo de Jesus, o Servo Sofredor. Nada de triunfalismo, de poderio, mas na fraqueza e pequenez. Só irá se fazer visível com a presença de Jesus e de seu Espírito, que se coloca “no meio” e lhes “mostra as mãos e o lado”. Mãos que abençoam e que tocam nas feridas da humanidade e o lado que indica a forma de curar: com compaixão, com generosidade, com gratuidade. Esta presença de Jesus enche os seus de alegria, pois viram o Kyriós, o Senhor. Suas vidas passam a estar preenchidas pela presença do Absoluto, o Senhor da vida. Jesus volta a insistir na paz. De novo lhes disse: “A paz esteja com vocês”. Não diz “que vocês tenham paz”, mas sim que a paz, esta nova realidade, este projeto de vida, habite em vocês. Não se trata de uma paz pessoal, intimista, de acomodação, mas de um modo de vida alicerçado em outro princípio. Desejando a paz, Jesus faz o envio missionário. “Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês” (v. 21). A paz é um projeto de vida a ser anunciada ao mundo. Tanto isto é tão verdadeiro que João, em linguagem de profunda força simbólica, afirma que “Jesus soprou sobre eles”. Como na criação, quando Deus deu o hálito a vida ao homem feito de barro, de fragilidade, Jesus agora envia seu sopro, seu hálito vital, seu Espírito sobre a pequena comunidade reunida, com a nobre missão de reconciliação. “Os pecados daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados” (v.23). É preciso resgatar o sonho primordial de Deus no paraíso. Uma nova criação que se inaugura com a festa de Pentecostes, na qual se proclama a PAZ. O Espírito que desce sobre o caos dos discípulos. Que um Pentecostes acontece no caos brasileiro! É o que suplicamos neste dia. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ