Saboreando a Palavra

28/08/2018

“E vós quem dizeis que eu sou” Mt 16,13-19 –! A Igreja do Brasil transfere a festa São Pedro e São Paulo do dia 29, dia para o domingo a seguir. Assim, no 12º domingo do Tempo Comum celebra-se a solenidade destas duas colunas da Igreja. O Evangelho é muito conhecido. Trata-se das famosas perguntas de Jesus: “Quem dizem que é o Filho do Homem? E vós quem dizeis que eu sou”. São bem conhecidas as informações dadas pelos discípulos e a resposta dada por Pedro. Conhecer o texto no seu contexto pode ajudar a ver outros aspectos da narrativa, nem sempre considerados. Estamos em Cesareia de Felipe, cidade localizada aos pés do monte Hermon, em Israel. Fica localizada cerca de 150 km ao norte de Jerusalém e a 60 km a sudoeste de Damasco. Nesta localidade muitas pessoas da elite de Jerusalém tinham suas casas de veraneio, por seu clima agradável e sua localização privilegiada. Certamente grandes opositores de Jesus se situavam na região. Neste ambiente nada pacífico Jesus começa com uma pergunta: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” (v. 13). As respostas são fáceis, pois trata-se de opinião corrente entre o povo: “alguns te chamam de Elias, outro de João Batista, outros de Jeremias, ou um dos profetas!”. Então Jesus parte para a segunda pergunta, cuja resposta não pode ser teórica, doutrinal, mas de experiência: “E vós quem dizeis que eu sou?” (v. 15). Não se sabe o que se passou no coração daqueles homens, mas Pedro respondeu de ímpeto e fez uma verdadeira profissão de fé: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo!” (v. 16). Pedro, que fala em nome de todos, segundo a narrativa exclusiva de Mateus, recebe o poder das chaves sobre toda a Igreja. Jesus afirma então solenemente que sua casa, a Igreja, será edificada sobre ele, Pedro=pedra. Sendo Pedro representante do seu grupo, a igreja será igualmente edificada sobre todos aqueles que, como ele, vão confessá-lo e aceitá-lo como Messias, como Cristo filho de Deus vivo e aceitar seu Reino de amor. Como se pode verificar, Jesus não nos pede uma opinião, uma informação vaga, teórica, mas uma opção radical de adesão à sua pessoa e ao seu projeto. Ainda hoje, certamente também nós, quando escutamos pergunta de Jesus podemos cair na mesma tentação, a de dar informações sobre ele, falar sobre sua pessoa, suas palavras e ações. A resposta, porém para tal pergunta, exige opção existencial, compromisso, adesão, entrega. Pelas narrativas que seguem nos evangelhos, vemos que Pedro acertou na resposta, mas não estava pronto para a adesão à pessoa de Jesus e seu projeto. Frente ao anúncio da paixão, Pedro se comporta a modo de Satanás que busca desviar do caminho. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ