12° Domingo do tempo comum. Paz e Bem!

16/06/2021

“Mestre, não Te importas que pereçamos?” – Mc 4,35-41 – O Evangelho deste domingo vem a nós em momento muito oportuno. Trata-se de uma “boa nova” exemplar para tempos de “tempestades”, sejam elas quais forem.

Olhemos mais de perto esta narrativa, que dizem ser um “retrato descritivo e simbólico” da comunidade de Marcos. Certamente retrata a experiência de muitas pessoas e comunidades em tempos atuais. O cenário que Marcos descreve é o “mar” e o “anoitecer” (v.35). Jesus e seus discípulos estão num “barco”, no “mar”. Mais do que um relato histórico, trata-se da realidade da “comunidade de discípulos”, pois o “barco” é figurativo da Igreja. O “cenário”, (“mar” e “noite”), indica que a comunidade está passando por experiência de hostilidade (ventos fortes), de muito perigo, de verdadeiro caos, de escuridão, dominada pelas forças do mal, forças que lutam contra Deus e contra a vida. Vivemos, neste momento, a mesma sensação de que o barco da humanidade está numa longa noite e no meio do mar, numa “tempestade furiosa”, denominada “COVID”, onde as “águas contaminadas” ameaçam sucumbir a embarcação e fazer perecer os ocupantes. E Jesus parece dormir…

O Evangelho afirma que o “barco”, por ordem de Jesus, dirige-se “para a outra margem” (v. 35b), ao encontro das “terras dos pagãos”. Mesmo em meio a tantas adversidades, é preciso “prosseguir na missão”. Durante a travessia, ocorre a “tempestade” (v. 37). Segundo os que conhecem a geografia da Palestina, as tempestades que se levantavam neste mar da Galileia podiam aparecer subitamente e ser especialmente violentas. Historicamente, é provável que Marcos esteja se referindo à perseguição de Nero aos cristãos de Roma, durante a qual foram mortos Pedro e Paulo, bem como muitos outros cristãos (anos 64-68). Mas a “tempestade” refere-se também a todos os momentos de crise, de perseguição, de hostilidade, de injúrias que os discípulos enfrentam ao longo de suas vidas.

Durante a “tempestade”, Jesus “dorme” (v. 38). O que isto significa? Cansaço? Certamente revela a sensação dos discípulos de sentirem-se como que abandonados, entregues à sua sorte, sem a presença de Jesus. Tantas vezes nesta “tempestade” da pandemia, vivemos a mesma sensação de que Jesus “dorme” no fundo do barco, pois não intervém, deixa a humanidade entregue à própria sorte. E muitos de nós clamamos: Mestre, não Te importas que pereçamos?” A bem da verdade, Jesus não está ausente, está no barco, pois prometeu ficar conosco até o fim dos tempos. Talvez nos falte o passo seguinte: “despertar Jesus”, pois, despertado pelos discípulos, Jesus acalma a fúria do mar e do vento, com a força de sua Palavra (v. 39).

Depois de acalmar o mar e o vento, Jesus dirige-se aos discípulos e repreende-os pela sua falta de fé (v. 40: “porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?”. Uma pergunta que, certamente, Jesus está fazendo-nos diariamente…

O nosso texto termina com o “temor” dos discípulos e a pergunta que eles fazem uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” (v. 41). O “temor” revela a atitude reverente diante do mistério maior. Um convite para nós nestes tempos de tantas tempestades…. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ