Saboreando a Palavra

28/08/2018

Dia 22/07/2018
“A compaixão pelas ovelhas sem pastor” – Mc 6,30-34 – A liturgia deste 16º Domingo do TC é marcada pela compaixão de Deus pelos que sofrem. No Evangelho do domingo anterior vimos Jesus enviando os seus, ordenando-lhes a viverem um estilo de vida bem despojado e solidário com as pessoas mais pobres. Este testemunho e tal proposta de vida fizeram com que as multidões acorressem em busca de quem os atendia em suas necessidades e angústias. Os discípulos retornaram desta sua primeira “experiência missionárias” muito felizes, mas, certamente, cansados e, porque não dizer, famintos. Eram tantos que os discípulos “não tinham tempo nem para comer” (v31). Além disso, corria a notícia da morte de João Batista, fato este que cruzava seus caminhos e ameaçava suas vidas. Jesus então os convida: “venham a um lugar deserto e descansai um pouco” (v31). E foram de barco a um lugar deserto. Pelo que tudo indica, esta travessia foi um tanto demorada. Quando chegam do outro lado, a multidão havia acorrido até lá. Geograficamente, o povo terá feito um longo caminho beirando o Mar. A travessia de barco foi mais demorada do que a caminhada a pé, o que faz suspeitar que Jesus aproveitou da intimidade do barco para o encontro com os seus. Talvez este “lugar deserto” seja mesmo um dia de descanso em algum lugar do Mar da Galileia. Descanso e pesca, conversas e partilhas. E deste “passeio” e descanso, sobraram “cinco pães e dois peixes” (v.38), ponto de partida para que os discípulos deem de comer àquela multidão faminta, conforme a continuidade da narrativa. O Evangelho que a Liturgia deste dia nos oferece, conclui dizendo que “Jesus, vendo a multidão, teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor” (v.34). Compaixão! A sensibilidade divina para os que sofrem ou estão abandonados. Sim, a multidão era composta de gente abandonada pelos seus líderes, visto que Herodes, aquele que deveria ser o cuidador do povo, estava se banqueteando com os magnatas e mandando matar o profeta João Batista (cf Mc 6,14-29). – Qualquer semelhança com nossos dias não é mera coincidência!!! Enquanto os grandes se banqueteiam, o povo pobre vive às margens do direito à vida – E Jesus teve compaixão. Num primeiro momento esta compaixão se manifesta no ensino dado por Jesus. “E começou a ensinar-lhes muitas coisas” (v.34). O Evangelho de Marcos nunca narra o que Jesus “ensinava”. Mas a narrativa que segue (vv 35-44) revela o conteúdo prático do seu ensinamento. A organização do povo e a partilha do pão e do peixe, a começar pelos discípulos, é a grande Boa Nova de Jesus. Que a compaixão pelos que sofrem nos leve à iniciativas concretas de defesa da vida do povo! Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ.