11° Domingo do Tempo Comum

11/06/2021

A dinâmica da semente – Mc 4,26-34 – Neste XI domingo do TC, seguimos com a leitura do Evangelho de Marcos, no qual Jesus vai anunciando o Reino de Deus, que ele proclamou como a grande noticia no inicio de seu ministério: “completou-se o tempo, o Reino de Deus está próximo; arrependei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1,15). Estamos na Galileia, nos primeiros tempos do anúncio desta Boa Nova. Uma grande multidão segue Jesus, a fim de escutar os seus “ensinamentos” (cf. Mc 3,7.20.32; 4,1). Para fazer compreender sua proposta, Jesus utiliza uma linguagem simples, acessível, porém muito viva, concreta, pedagógica, que leva a pessoa a ‘pensar’ e não apenas repetir  leis ou doutrinas definidas.

As “parábolas” são um recurso de linguagem que Jesus mais utiliza para transmitir seus ensinamentos. Em controvérsias, por exemplo, Jesus dificilmente afronta seus adversários com  acusações diretas, mas, por meio de sua linguagem figurada, leva-os a certas evidências. Os ouvintes são mais sensíveis à linguagem em parábolas do que a exposições teóricas. Uma parábola sempre desperta curiosidade e atenção.

O cenário da Galileia é bem apropriado para as parábolas do Evangelho deste domingo. Em região agrícola, falar de sementes, de seu germinar, do resultado da semeadura, é despertar atenção. De agricultura os ouvintes entendem, mas sobre o Reino de Deus é preciso novas sensibilidades. A primeira parábola (vv. 26-29) é a do grão que germina e cresce por si só. Não se diz inicialmente de que grão se trata. Depois vemos tratar-se do grão de trigo. Isto porque o foco não está na espécie de semente, mas na sua dinâmica: ela nasce, cresce, floresce, frutifica e amadurece por si. Ao agricultor cabe apenas lançar a semente e deixar a graça fluir, na alegria e esperança de abundantes frutos.

Noutras tantas narrativas evangélicas, a semente é a Palavra de Deus. E Jesus nos ensina que ela realiza seu percurso, independente da ação humana. O evangelizador, o missionário, o catequista não são senhores do processo de germinação da semente da Palavra. A simplicidade da parábola chega a desconcertar pela sua evidência A dinâmica da semente é seu germinar sem depender de intervenção humana. Aqui reside uma grande provocação para a ação evangelizadora da Igreja. A missão é de Deus (Missio Dei) e não de algum agente de pastoral, religioso ou religiosa, presbítero ou quem quer que seja. Ao agente cabe a semeadura, o anúncio, mas a obra não lhe pertence. E são tantas tentações de apropriação da ação evangelizadora: “minha missão!”, “minha paróquia!”, “meu povo”, “meus e minhas”…!

O Reino de Deus é “de Deus”, é pura graça. Isto fica evidente quando Jesus reza ao Pai: ‘Eu te bendigo ó Pai… porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos” (cf. Mt 11,25). Esta é a dinâmica do Reino.

A segunda parábola (vv. 30-32) é a do grão de mostarda. Semente de uma pequenez desconcertante, que resulta numa árvore frondosa e acolhedora. O crescer do Reino de Deus não depende de intervenção humana, mas da lógica própria da semente, do vigor da Palavra. A nós cabe semear, zelar e contemplar esta grandiosidade, cuja origem está na pequenez, na fragilidade, na simplicidade. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ.