13º Domingo do Tempo Comum
Ele tomou a firme decisão – Lc 9,51-62 – Estamos no 13º domingo do Tempo Comum. De acordo com o evangelista Lucas, Jesus encerra sua missão na Galileia e toma a decisão de ir a Jerusalém, lugar do confronto final de sua vida e missão. Inicia assim o seu caminho que vai de Nazaré, na Galileia até Jerusalém, na Judeia, relato este que caracteriza o Evangelho de Lucas (cf. Lc 9,50 a 19,28). Mais do que um caminho geográfico, é um caminho teológico, espiritual e missionário. Enquanto caminham “atrás” de Jesus, os discípulos vão aprendendo o que significa seguir e comprometer-se com o Reino de Deus. Na liturgia deste dia, a primeira leitura, do Livro dos Reis, narra a história da “vocação” de um homem chamado Eliseu. Trata-se de um modelo para os chamados e as respostas de cada cristão até os dias de hoje. Num gesto simbólico de largar o manto, Eliseu rompe completamente com seu passado e assume seguir o projeto de Deus. Na segunda leitura Paulo, em sua carta aos Gálatas, pede aos cristãos que sigam o caminho de Jesus com amor e dedicação, deixando-se guiar pelo Espírito. No Evangelho veremos que Jesus pede radicalidade, entrega generosa, ruptura com o passado, compromisso total na construção do Reino. O relato traz diversos ensinamentos exigentes. Situando um pouco o relato, Lucas situou a primeira parte do ministério de Jesus na Galileia onde, na sinagoga de Nazaré, anunciou seu “programa”. Foi na Galileia que convocou “discípulos”, caminhou por aldeias e povoados anunciando o Reino. No final desta etapa, como vimos no domingo anterior, os discípulos tiveram que decidir: ou reconhecer Jesus como o Messias de Deus e segui-lo no caminho da Cruz, ou optar por outro projeto de vida. Diante da boa disposição dos discípulos, Jesus tomou a firme decisão de pôr-se a “caminho”. Para sublinhar a determinação de Jesus, Lucas diz que Ele “tomou a firme decisão”, que tradutores preferem dizer que “endureceu o rosto”. No inicio da caminhada Jesus e os discípulos aproximaram-se de uma povoação samaritana, onde não foram acolhidos. Tiago e João, os “filhos do trovão”, propõem uma ação agressiva, violenta. Jesus repreende os discípulos. Percebe que eles ainda não compreenderam a proposta do Reino de Deus. Começa então a etapa formativa dos discípulos mais direta. Mostra que a instauração do Reino de Deus não passa pela força, pela imposição, pela prepotência, pela violência, pelo castigo, pela vingança; mas sim pelo amor, pelo serviço simples e humilde, pelo dom da vida. Deus não quer a destruição do pecador; o que Deus quer é a mudança dos corações. O relato evangélico segue com o exemplo de três possíveis vocacionados. Trata-se de personagens que, não sendo identificados, sugerem ser cada leitor ou leitora do Evangelho. Os três mostram sua disposição de seguir Jesus. Jesus acolhe-os, mas cada qual apresenta um impedimento para um seguimento imediato. Não se deve tomar estas exigências como ações concretas a serem executadas literalmente. O cuidar dos pais, o enterrar os mortos, os laços familiares são valores evangélicos. Certamente trata-se de uma catequese para mostrar que o seguimento de Jesus e a decisão pelo Reino exigem ruptura com o passado. Assim como ocorreu com o profeta Eliseu. Quem não se dispõem a romper com seu passado não é apto para o Reino de Deus. Daí que é preciso “endurecer o rosto” ou seja, “tomar decisão com firmeza”, para ser fiel sempre. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ