13º Domingo do Tempo Comum – Paz e Bem!

24/06/2021

Talitha Kum” “Sê curada” – Mc 5,21-43 – O relato evangélico deste 13º Domingo do Tempo Comum, como vemos, é bastante longo. São dois episódios, um inserido no outro, com muitos detalhes importantes, mas com um foco comum: a defesa da vida, especialmente das pessoas marginalizadas, desconsideradas, excluídas. São duas mulheres as personagens do cenário deste evangelho.

Olhando mais de perto, vemos que as duas mulheres têm algo em comum: uma sofria de hemorragia há 12 anos e a outra morreu aos 12 anos, idade em que devia se tornar mulher. Ambas não têm nome. Uma é identificada por sua doença e a outra é apenas a “filha de Jairo”. Segundo a cultura e a tradição de Israel, a situação destas duas mulheres é exclusão total. Uma estava atingida na sua fecundidade e convivência: ela perdia o seu sangue, princípio de vida. Era também, por 12 anos, portadora de impureza que a excluía de qualquer convívio familiar, social, religioso. A outra perdia a vida, precisamente na idade em que se preparava para ser geradora de vida, ser mãe. (O casamento era muito cedo na cultura semita).

Olhemos o cenário a partir de Jesus e das pessoas que o acompanham. Ele está acompanhado pelos discípulos e por uma multidão barulhenta. Deve ir depressa à casa de Jairo, personagem importante, e curar sua filha. Rodeado por uma multidão que o comprimem de todos os lados, Jesus tem dificuldade até em prosseguir no seu caminho. Está, porém, atento às pessoas particulares que dele se aproximam. Respeito e sensibilidade movem Jesus em seu agir, valores fundamentais em qualquer convívio e missão. No meio deste turbilhão, Jairo se aproxima, cai aos pés e suplica por sua filha. O encontro é interrompido novamente por uma mulher anônima que, a todo custo, busca se aproximar de Jesus para tocar ao menos em suas vestes. Quer ser curada da sua doença que dura doze anos. Ela chega por detrás, toca as suas vestes.

Conhecemos as reações e o diálogo que se seguem… Os discípulos mostram-se insensíveis aos clamores desta mulher! Só querem ir depressa para a casa do chefe… A mulher, sabendo de sua transgressão legal, a de tocar na veste de um judeu, sendo impura, cai aos pés de Jesus, toda trêmula, e “fala toda a verdade”. Que “verdades” teriam sido estas? Quanta dor, quanta solidão, quanto sofrimento, quanta exclusão! 12 anos… “Sê curada”! Ė a Palavra de Jesus, reconhecendo a fé grandiosa desta mulher anônima que agora tem uma identidade: Filha, tua fé te salvou”. Jesus restaura a dignidade da mulher e reintegra-a na sociedade que a excluíra. Ainda estava falando quando veio a notícia da morte da filha de Jairo. Sabemos dos passos seguintes. Olhemos, porém para a ordem de Jesus: ‘Talitha Kum“Levanta-te”. Ė o novo surgir da vida. Jesus pede ao pai da jovem apenas uma coisa: “basta que tenhas fé”. A fé é a chave de ouro de todo relato. Um chefe de sinagoga cai de joelhos e suplica a Jesus para curar a sua filha… Uma mulher atingida por hemorragias não diz nada, mas contenta-se em tocar as vestes de Jesus. A fé destas pessoas como que obriga Jesus a agir: a mulher é curada, a jovem levanta-se.

Que nesta “hemorragia da COVID”, que leva tantas pessoas a morte, Deus nos conceda o dom de uma fé tão intensa que leve Jesus dizer a toda humanidade: “Talitha Kum” “Sê curada”.  Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ