18º Domingo do Tempo Comum

29/07/2022

Guardai-vos de toda avareza” Lc 12,13-21 – Neste 18º domingo do Tempo Comum, continuamos acompanhando Jesus que está à “caminho de Jerusalém”. Os discípulos vão sendo orientados e preparados para anunciarem e serem as testemunhas do Reino.

A mensagem central do Evangelho deste domingo é de muita atualidade: trata-se da atitude frente aos bens materiais. O ponto de partida é a queixa de um homem que tem um irmão que não quer repartir com ele a herança. Segundo as tradições judaicas, o filho primogênito de uma família de dois irmãos recebia dois terços das possessões paternas (cf. Dt 21,17). É possível que só fossem repartidos os bens móveis e que, para guardar intacto o patrimônio da família, a casa e as terras fossem atribuídas ao filho mais velho. O homem que interpela Jesus é, provavelmente, o irmão mais novo, que ainda não tinha recebido nada. Era frequente, no tempo de Jesus, que os “doutores da lei” assumissem o papel de juízes nestes casos, que também cobravam pelo serviço prestado. Talvez Jesus, o grande mestre, ajudasse, sem tais cobranças, segundo a expectativa desse homem… Como é que o Mestre vai se situar frente a esta questão?

Jesus se recusa a envolver-se em questões de direito familiar e tomar posição por um irmão contra outro e aproveita a oportunidade para seu grande ensinamento sobre o uso dos bens. O relato que segue mostra que estava em evidência que havia cobiça, luta pelos bens, apego ao dinheiro, tudo que se opõe ao projeto de Deus. A lógica do “Reino” não é a lógica do dinheiro, da cobiça de quem só vive para os bens materiais: “a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens”.

Para uma melhor compreensão do que Jesus busca ensinar aos seus seguidores, faz uso de uma parábola (vv. 16-21), que ilustra a atitude do homem voltado para os bens materiais, mas que se esquece daquilo que dá vida em plenitude. Trata-se de um homem previdente, responsável, trabalhador, mas que, de forma egoísta e obsessiva, vive apenas para os bens que lhe asseguram tranquilidade e bem-estar material. Esse homem representa, aqui, todos aqueles que só buscam acumular bens, esquecendo-se de Deus, da família e dos outros. Vive idolatrando o mercado, cultuando o poder e devotados à violência.

Tal existência egoísta, onde se adora o deus dinheiro, é uma “insensatez”. A morte vem quando menos se espera. Assim Jesus nos ensina que não podemos viver na escravidão do dinheiro e dos bens materiais, como se fossem o absoluto de nossas vidas. A preocupação obsessiva com os bens materiais faz a pessoa fechar-se em si mesma e impede de olhar para as necessidades dos outros. Não há espaço para os valores do Reino. Quando o coração está cheio de cobiça, de avareza, de egoísmo, quando a vida se torna uma busca obsessiva pelo “ter”, pelo acumular, as atitudes pessoais são de exploração, de escravização do outro, tudo para ampliar a sua conta bancária. Torna-se insensível aos outros e a Deus. O dinheiro não é a fonte da verdadeira vida. A cobiça dos bens é idolatria, não conduz à vida plena, não responde às aspirações mais profundas do ser humano

A Palavra de Deus deste domingo questiona profundamente nossa sociedade atual. O sistema capitalista tem o lucro como seu paraíso e escraviza homens, mulheres e crianças. O que Jesus denuncia aqui não são o possuir bens, mas a idolatria da riqueza.

Assim, a VRC, que fez “voto de pobreza”, não pode cair na tentação de colocar nos bens materiais e nas obras a sua preocupação fundamental… A todos Jesus recomenda: “cuidado com os falsos deuses; não deixem que o acessório vos distraia do fundamental”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ