18º Domingo do Tempo Comum

31/07/2025

“Guardai-vos de toda a avareza” – Lc 12,13-21 – A escola do discipulado que Lucas traça enquanto “caminha para Jerusalém”, traz mais um “tema” de suma importância para a vida de seguimento de Jesus e o projeto do Reino de Deus. Trata-se da relação com os bens materiais. Há vários domingos estamos acompanhando Jesus em seu itinerário formativo missionário que, simbolicamente, é identificado como viagem da Galileia para Jerusalém (cf Lc 9,51- 19,27). Neste percurso Jesus vai formando seus discípulos. É uma verdadeira “academia formativa”. Com as lições que, a cada passo, vão recebendo de Jesus, os discípulos podem crescer na lógica do Evangelho, despir-se das lógicas humanas pessoais, egoístas e interesseiras, e interiorizar-se na proposta de Jesus. Nos domingos anteriores já entramos em contato com o envio missionário dos 72 discípulos, com a prática da misericórdia do bom samaritano, com a acolhida Jesus na casa da Marta e Maria e o direito ao discipulado das mulheres, com a vida de oração do seguidor de Jesus. Neste domingo enfrentamos o desafio do uso dos bens materiais e as consequências desastrosas do seu uso inadequado. Na primeira Leitura, tirada do Livro do Eclesiastes, temos a reflexão de um sábio, sobre o acúmulo de bens. Afirma que tudo é vaidade. Não se trata da “vaidade” como hoje se pensa. “Vaidade”, no seu sentido original, significa que as coisas são passageiras, são como a neblina da manhã que se desfaz no aparecer do sol. Tudo é “vaidade”, ou seja, é enganoso, efêmero, passageiro. Perde-se o valor e a beleza da vida por conta do apego a coisas passageiras, que ele identifica como “insensatez”. O Evangelho descreve como se manifesta esta “vaidade”, esta insensatez” humana. O relato deste domingo é exclusivo de Lucas, o evangelista mais crítico em relação a riqueza e a falta de partilha dos bens. Ë somente dele, por exemplo, a parábola do rico e do pobre Lázaro  (cf Lc 16,19-31). No relato deste domingo temos um homem, não identificado, que pede a Jesus que seja árbitro numa questão de repartição da herança familiar. O Evangelho não explica qual o motivo da desavença que, certamente, tem a ver com tradições judaicas, que dava ao filho mais velho o direito de receber dois terços da herança. Na época, estes assuntos eram da alçada dos escribas e doutores da Lei. O homem reconhece a autoridade de Jesus e pede sua intervenção. Jesus recusa a se envolver na questão familiar sobre a partilha de uma herança. Não é sua missão resolver tais questões legais e materiais. Sua missão é anunciar o Reino de Deus. Pelo que se segue no relato, Jesus terá percebido que havia avareza no coração do homem, grande interesse nos bens materiais. Isto explicaria a dura reação de Jesus: “Amigo, quem Me fez juiz ou árbitro das vossas partilhas?” E segue a parábola carregada de certa ironia. Um latifundiário da Galileia contempla seus campos e fica satisfeito pela boa colheita que terá. Decide aumentar os celeiros e assim ter o suficiente para viver bem por longo tempo, sem ter que se preocupar com  nova produção. Em si trata-se de um homem trabalhador, responsável, esforçado. Como tantos outros que conhecemos também nos dias de hoje. Mas sua visão é egoísta, só pensa em si próprio, não é solidário. Isto não realiza o ser humano. Além do mais, ele põe toda a sua confiança nos bens materiais. Não tem o horizonte do Reino de Deus. A mensagem é clara: os verdadeiros discípulos de Jesus devem construir as suas vidas sobre valores que valham a pena, sobre os valores que dão pleno sentido à existência do homem. Daí a recomendação: “Guardai-vos de toda a avareza”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ

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