1º Domingo da Quaresma

15/02/2024

“Jesus…era tentado por Satanás” – Mc 1,12-15 – Na Quaresma, a Igreja do Brasil nos convida a assumir a Campanha da Fraternidade, visando ajudar os cristãos a reconstruir nosso mundo, tantas vezes ferido pelo egoísmo, pela falta de Fraternidade e pela maldade humana. Recriar a fraternidade é a grande proposta da quaresma. O Evangelho mostra-nos Jesus recusando o mal e fazendo sua opção pelo caminho que lhe foi indicado pelo Pai: o “Reino de Deus”. A Liturgia do 1º domingo da quaresma nos traz o relato da tentação de Jesus. O episódio é relatado pelos Evangelhos Sinóticos, mesmo com grandes diferenças entre si. A descrição mais breve é a de Marcos e está relatada na Introdução do Evangelho (cf. Mc 1,2-13), relato este que visa fazer a apresentação de Jesus. Inicia pela apresentação de João Batista (cf. Mc 1,2-8), seguido pela cena do Batismo de Jesus, onde o Pai declara o Seu Filho Amado, sobre quem repousa o Espírito Santo (cf. Mc 1,9-11). Em seguida, Marcos mostra como Jesus enfrenta e vence o mal (cf. Mc 1,12-13). O cenário do Evangelho deste 1º domingo da Quaresma é o “deserto”, não longe do lugar onde Jesus foi batizado por João Batista. Porem, trata-se de um lugar não identificado. O deserto, na teologia de Israel, é o lugar privilegiado do encontro com Deus: foi no deserto que o Povo experimentou o amor e a solicitude de Javé e foi no deserto que Javé propôs a Israel uma Aliança. Contudo, o deserto é também o lugar da “prova”, da “tentação”: foi no deserto que Israel foi confrontado com diversas opções e foi no deserto, também, que Israel sentiu, várias vezes, a tentação de escolher caminhos contrários aos propostos por Deus. O “deserto” é, portanto, o “lugar” do encontro com Deus e do discernimento dos projetos; é o “lugar” da prova, onde se é confrontado com a tentação de abandonar Deus e de seguir por outros caminhos. É de causar estranhamento que o Espírito que se revelou no Batismo de Jesus e pousou sobre ele, tenha impelido Jesus a ir ao deserto para ser tentado. Noutras ocasiões, o Espírito impulsiona Jesus a concretizar sua Missão. Jesus ficou “quarenta dias deserto”. O número “quarenta” é simbólico. Entre outros, o povo caminhou 40 anos no deserto. Durante esse tempo, Jesus foi “tentado por Satanás”, ou seja, pelo adversário, o acusador, aquele que desvia do direito e a justiça. … “Satanás” vai tentar levar Jesus a esquecer os planos de Deus e a fazer escolhas pessoais que estejam em contradição com os projetos do Pai. Marcos, ao contrário de Mateus e Lucas, não descreve o tipo de tentações. Mas certamente busca desviar Jesus de sua missão de Filho de Deus, de ser servo, de ser o Filho muito amado do Pai.

A referência às “feras” que rodeavam Jesus e aos “anjos” que O serviam, pode ser uma indicação de que a fidelidade ao Projeto do Pai restaura a harmonia perdida no paraíso, quando Adão foi seduzido e optou pela sua autossuficiência, gerando a desordem na humanidade. Jesus foi tentado, mas sua fidelidade ao Projeto do Pai garantiu o anúncio do Reino, o que Marcos relata a seguir: Jesus partiu para a Galileia e começou a pregar o Evangelho, dizendo: “Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”. A construção do “Reino de Deus” exige  “acreditar” no Evangelho. “Acreditar” é, sobretudo, uma adesão total à pessoa de Jesus e ao seu projeto de vida. É o que a Quaresma, enriquecida com a Campanha da Fraternidade, propõe a cada um/a de nós. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ