22º Domingo do Tempo Comum

28/08/2025

Convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos” – Lc 14,1.7-14 – Prosseguindo em nosso peregrinar na esperança, estamos celebrando o 22º Domingo do Tempo Comum. A liturgia nos convoca a fundamentar nossa vida no essencial, nos valores definitivos do Reino de Deus. A primeira leitura, do livro do Eclesiástico, é uma exortação de um sábio que alerta os judeus a não se deixarem seduzir pelo fascínio da cultura grega. Que rejeitem toda forma de soberba e que busquem viver na humildade, cultivando os valores que levam à vida plena. O Evangelho leva-nos a entrar em casa de um dos “principais fariseus” que tinha convidado Jesus para a “refeição de sábado”. Continuamos acompanhando Jesus e seus discípulos a caminho de Jerusalém. Nesta narrativa, porém, não há referências aos discípulos, nem ao lugar do episódio. Lucas informa que Jesus entrou, num sábado, “em casa de um dos principais fariseus para tomar uma refeição”. Sendo sábado, certamente se trata de uma refeição solene, que se costumava fazer após o culto na Sinagoga, em torno do meio-dia. Enquanto comiam, o dono da casa e os seus hóspedes costumavam comentar e discutir as leituras que tinham sido lidas durante o ofício na sinagoga. Diferente de Mateus e Marcos, Lucas mostra os fariseus mais próximos de Jesus que até o convidam para casa e se sentam à mesa com Ele (cf Lc 7,36s). Os fariseus mostravam muito zelo pela Lei de Deus, um valor que Jesus apreciava, pois, em geral, eram pessoas profundamente religiosas, empenhadas na santificação do Povo de Deus. O problema era sua intransigência para com a Lei, a fixação na letra da Lei e as exclusões que faziam: pobres, doentes, mulheres, gentios eram banidos. Por serem assim fieis à Lei, consideravam-se já salvos. Foi o que se viu no Evangelho do domingo anterior. A respeito do banquete, na realidade do povo Judeu, o banquete era muito importante, pois a refeição era o espaço do encontro fraterno, da partilha, da comunhão, da proximidade, da familiaridade, da irmandade. Jesus gostava de banquetes e comparou diversas vezes o banquete com o Reino de Deus. O contexto literário deste relato mostra que Jesus acabara de curar um hidrópico e isto foi em dia de sábado. Esta cura terá gerado mal estar entre os fariseus. Jesus violou o sábado e está contaminado pela impureza legal. E o fariseu que convidou Jesus era alguém de destaque e não deveria admitir um impuro à sua mesa. Uma tal situação terá gerado constrangimento. Certamente houve também transtornos na escolha de lugares à mesa. Na sociedade israelita, como em algumas culturas atuais, a hierarquia dos lugares à mesa era importante. O lugar que cada um ocupa define a importância da pessoa dentro daquele grupo social. É neste contexto que devemos ouvir “a parábola”: “quando fores convidado para um “banquete” nupcial, não tomes o primeiro lugar. Pode haver alguém a quem este lugar está reservado. E segue todo ensinamento de Jesus sobre o Reino de Deus. Pode-se ouvir ecos do “entrar pela porta estreita”, do domingo passado. No Reino de Deus os mais importantes são aqueles que se apresentam com humildade e simplicidade, que passam pela porta estreita, que escolhem os últimos lugares e não se consideram superiores aos outros. Já no final da refeição, Jesus dirigiu-se ao dono da casa e deu algumas sugestões sobre as pessoas a quem convidar para um banquete. Uma lógica absolutamente diferente da lógica humana: “quando ofereceres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos”. Todas pessoas pobres e impuras, que não retribuirão com algum convite. Total gratuidade. A proposta de Jesus parece descabida: convidar “os aleijados, os cegos e os coxos”, gente pecadora e maldita, que não era nem admitida no espaço sagrado do Templo. Um fariseu “importante” não poderia fazer isto. Como se trata de uma parábola, Jesus não está dando lição de moral ao fariseu, mas está falando do Reino de Deus e orientado seus seguidores sobre   o modo de ser de quem é discípulo. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ