24º Domingo do tempo comum 12/09/2021

09/09/2021

As perguntas do caminho – Mc 8,27-35 – Estamos no 24º domingo do Tempo Comum e o evangelista Marcos vai traçando o itinerário da caminhada de Jesus e dos seus Discípulos. Dedica-se à formação dos seus seguidores e o faz enquanto “caminham”. Trata-se de uma formação na prática do dia a dia. O método formativo é o do diálogo. Vejamos como isto ocorre no Evangelho deste domingo.

Estamos no centro do Evangelho de Marcos. A primeira parte de todo o Evangelho tem como objetivo levar à descoberta de Jesus como o Messias, que proclama o Reino de Deus (cf. Mc 1,14-8,30). Jesus vai se revelando em gestos e palavras, buscando levar os discípulos a aderirem à sua proposta de salvação. Este percurso de revelação do Messias termina em Mc 8,29-30, com a confissão de Pedro: “Tu és o Messias”. Segue a segunda parte do Evangelho onde Jesus revela o desfecho do verdadeiro Messias: ser crucificado (Mc 8,31-16,8).

O texto deste domingo constitui uma espécie de “dobradiça” entre a primeira e a segunda parte do Evangelho de Marcos. Tal como a dobradiça, a passagem deste dia está dividida em duas partes: Na primeira (vv. 27-30) temos “as perguntas do caminho”, onde Jesus questiona os discípulos sobre a “opinião geral” a seu respeito, seguido da “opinião pessoal”. Na segunda parte de nosso texto temos os esclarecimentos sobre o tipo de Messias que Ele é e as condições do discipulado (vv. 31-35),

Na primeira parte, em resposta às “perguntas do caminho”,  a  “opinião geral” é de que Jesus é um homem bom, justo, generoso, que escutou os apelos de Deus. Ele é “João Baptista”, “Elias”, ou “algum dos profetas”(v.28). Uma continuidade do passado. Quanto à “opinião pessoal”, Pedro responde em nome dos discípulos: “Tu és o Messias”. Jesus é o “Messias” libertador que Israel esperava (v 29). A resposta de Pedro era correta, porém não estava bem compreendida, pois o título de Messias vinha carregado de esperanças político-nacionalistas. Por isso os discípulos recebem ordens para não falarem disso a ninguém. Era preciso esclarecer antes a verdade sobre o Messias. É isso que Ele vai fazer, logo de seguida.

Jesus inicia afirmando que o seu messianismo passa pela cruz (vv. 31-33). Começa por anunciar que o seu caminho vai passar pelo sofrimento e pela morte na cruz. Pedro rejeita este “messianismo”. Para ele, a missão do “messias, Filho de Deus” é uma missão gloriosa e vencedora. A vitória não pode estar na cruz e no dom da vida. Pedro é duramente repreendido pois seu pensar é diabólico, é o pensar humano, não de Deus.

Segue então uma instrução sobre o significado e as exigências de ser discípulo de Jesus (vv. 34-35). Quem quiser ser discípulo de Jesus, tem de “renunciar a si mesmo”, “tomar a cruz” e “seguir Jesus” no caminho do amor, da entrega e do dom da vida.

Confessar que Jesus é o Messias, o Salvador do mundo, todos somos capazes de fazer. Assumir o seu jeito de ser Messias, o projeto de uma vida de amor e entrega, certamente não está em nosso agir cotidiano.  Compreender e viver a lógica da cruz é caminho a ser assumido por quem se coloca no seguimento de Jesus. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ