24º DOMINGO DO TEMPO COMUM
O Filho do Homem será elevado – Jo 3,13-17 – Festa da Exaltação da Santa Cruz
O 24º domingo do Tempo Comum, neste ano, coincide com a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Situando um pouco esta festa na história, relata-se que a mesma tem sua origem nos primeiros séculos do cristianismo. O imperador Adriano, no século II, como forma de reprimir a fé cristã, teria soterrado o local onde Jesus fora crucificado. Colocou a imagem de Júpiter no Santo Sepulcro e, no Calvário, erigiu uma estátua ao deus Vênus. Os cristãos, no entanto, continuaram frequentando estes locais e, mais tarde, no século III, Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, mandou construir uma basílica cristã no lugar onde, após escavações, havia sido encontrada uma cruz de madeira, tida como a cruz da crucificação de Jesus. No dia 14 de Setembro a cruz foi erguida e exposta à adoração dos fiéis. Assim, até hoje, celebra-se a exaltação da Santa Cruz que, certamente, é uma celebração carregada de sentido teológico e de espiritualidade. A mística da cruz, mais do que nunca, é a sustentação da nossa fé, tão necessária, nestes tempos conturbados de hoje. As leituras da Liturgia nos ajudam a mergulhar mais e melhor no mistério da Cruz de Jesus. A primeira leitura traz a história da serpente de bronze erguida no deserto, por meio da qual Deus salvava seu povo, símbolo antecipado da força salvífica da cruz de Jesus. Na 2ª leitura temos o belo hino cristológico, da Carta aos Filipenses, uma verdadeira síntese do mistério da nossa redenção. “Ele aniquilou-se e Deus o exaltou… O sentido da cruz se evidencia, de forma única, neste poema. No Evangelho de João, uma parte da conversa de Jesus com o fariseu Nicodemos, temos as razões de Jesus ter vindo habitar entre nós. Foi por amor que Deus enviou seu Filho ao mundo. Este amor alcança a sua extrema manifestação na cruz. A humilhação da cruz é a glorificação do filho de Deus. Quem contempla o crucificado e acolhe a revelação deste amor na cruz, encontra a plenitude da vida. Este mistério esbarra com a lógica humana, de tal maneira, que se faz necessário ir procurar Jesus a “noite”, como fez Nicodemos. Somente na intimidade de um diálogo noturno se pode intuir o sentido da exaltação da santa Cruz. Não sabemos porque Nicodemos foi procurar Jesus à noite. Pode ser para não ser visto pelos do seu grupo, como muito se afirma, mas pode muito bem ser uma linguagem simbólica do evangelista para dizer que Nicodemos ainda está às escuras, ainda não foi iluminado pela luz de Jesus, que mostra a Nicodemos que o projeto de salvação é uma iniciativa do Pai que, por amor, enviou seu filho ao mundo para realizar a salvação e o fará pela cruz/exaltação de Jesus. Nicodemos quer entender que o projeto de Deus sobre a humanidade não é de condenação e de morte, mas de salvação e de vida. Jesus encarnou-se numa realidade constituída de pessoas pecadoras, egoístas, autossuficientes, violentas, injustas, mentirosas, mas não veio para condenar e sim, para lhes oferecer a salvação. O mal é vencido pelo amor extremo de Jesus. Daí a grandeza da festa da Exaltação da Santa Cruz. Mistério a ser contemplado e assumido. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ