26º Domingo do Tempo Comum

25/09/2025

Um pobre,…  jazia junto do seu portão”-  Lc 16,19-31 – Neste 26º domingo do Tempo Comum  temos diante de nós um dos relatos evangélicos mais duros em relação ao uso da riqueza. Trata-se da parábola denominada como a do “rico e do pobre Lázaro”. Continuamos acompanhando Jesus no seu itinerário para Jerusalém, no qual estão concentradas as instruções aos discípulos a respeito do Reino e o modo de ser e de agir para alcançar este Reino. No domingo anterior já estivemos em contato com a temática da “administração dos bens” e do uso da riqueza. A conclusão então foi:” não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Não se trata apenas da posse individual de bens, mas da atitude de se instalar na vida de bem-estar sem olhar para a sorte dos irmãos e de fazer da riqueza o senhor de sua vida. O projeto de Deus não tem conexão com a injustiça, a exploração e o acúmulo de bens. Servir ao dinheiro é a grande idolatria do ser humano. Na primeira leitura de hoje temos, mais uma vez, o profeta Amós, que condena violentamente o egoísmo dos poderosos que esbanjam riqueza e não se importam com a miséria dos pequenos. A exortação da Carta a Timóteo, na segunda leitura, vai na direção de ser um homem de justiça, piedade, fé, caridade, perseverança e mansidão, que combate o bom combate da fé. Mas olhemos o Evangelho de hoje. Trata-se da história de um rico, que aqui não tem nome, e de um mendigo, que tem nome,”Lázaro”. É mais um relato exclusivo de Lucas. Os destinatários desta parábola são sim os discípulos, mas muito mais os fariseus, que representam todos os grandes “amigos do dinheiro”. O rico aqui é descrito como alguém da classe alta judaica, dos que residiam em Tiberíades, Séforis ou Jerusalém. Vestia-se de púrpura e de linho, tecidos valiosos reservados a gente rica. Diz-se ainda que esse homem “se banqueteava esplendidamente todos os dias”,  um exagero e uma ironia para quem vivia numa região onde se passava fome. Nada se diz se o homem era bom ou mau, religioso ou não, se pagava o dízimo ou não. O pobre Lázaro, “jazia junto do portão do rico”. Não se vestia de roupas finas, mas sim “de chagas”.  Os caos eram seus companheiros. Era um “impuro”, excluído. Nada se diz também sobre a conduta do pobre; se era bom ou mau, religioso ou não. Tinha fome e desejava comer alguma das migalhas que os ricos jogavam no chão para os animais. Mas nada recebia. Ambos morreram; o pobre foi para o seio de Abraão e o rico foi “sepultado”. Os detalhes da narrativa são muito significativos. Quando o rico vê o pobre no seio de Abraão, pede que este envie Lázaro levar uma gota de água para molhar a língua. Abraão então lhe diz: há entre nós e vós um grande abismo, de modo que se alguém quisesse passar daqui para junto de vós, ou daí para junto de nós, não poderia fazê-lo’. Uma linguagem metafórica para dizer que o “abismo”não está no além, entre céu e inferno, mas trata-se do abismo social que há entre os extremamente ricos e os extremamente pobres.  E este abismo não se resolve com manifestações grandiosas, como a ressurreição de um morto. Este abismo será superado se ouvirem Moisés e os Profetas. Trata-se de construir a vida segundo o Projeto de Deus e que não haja pobres deitados junto aos portões, portões de igrejas, conventos, mansões, palácios e tantos outros. Que a Palavra de Deus,  celebrada neste Mês da Bíblia, nos indique o caminho a seguir. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ