29° Domingo do Tempo Comum
“Orar sempre sem desanimar” – Lc 18,1-8 – Prosseguimos com o 29º domingo do Tempo Comum, interrompido, no Brasil, pela celebração da Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Estamos nos aproximando do fim do ano litúrgico e o convite que o Senhor nos faz é perseverar na busca de uma vida de íntima comunhão com Ele, um diálogo insistente e uma escuta atenta. A primeira leitura, do livro do Êxodo, vai nos mostrar o lugar da oração nas labutas da vida e da história. No confronto entre israelitas e amalecitas, Moisés, no alto do monte, está em oração, o que faz os israelitas vencerem. Sem a oração, o povo perde as batalhas. A segunda Leitura, da Carta a Timóteo, não fala direto de Oração, mas trata da vida de fé, de fidelidade e obediência à Escritura, enfim, da vida na intimidade com o Senhor, na escuta atenta da Palavra. O Evangelho, por meio de uma parábola, fala da “necessidade de orar sempre sem desanimar”. Olhando o contexto do relato mais de perto, vemos que Jesus e os discípulos continuam no caminho para Jerusalém. Este “caminhar com Jesus” nos acompanha e nos desafia na maior parte do Tempo Comum, do ano C. A cada passo Jesus se aproxima do seu destino de cruz. Recordando toda a trajetória deste caminho, percebe-se que os discípulos têm muita dificuldade de compreender a lógica do Reino. Dão sinais contínuos desta falta de sintonia. Precisam entrar na intimidade do Pai e confiar na ação divina. A vida de Jesus é este testemunho da busca contínua da intimidade com o Pai. Lucas é o evangelista que mais destaca a oração de Jesus, a busca do Pai, referindo-se a ela em várias ocasiões: Ele passa a noite em oração, ensina a rezar, trata o Pai com particular intimidade, busca a justiça do Reino. Podemos nos perguntar: Jesus é apenas um mestre que quer ensinar a rezar, ou Ele mesmo experimenta a necessidade de orar sempre sem nunca desistir? Permanecer no caminho, ser fiel à vontade de Deus, enfrentar as dificuldades e conflitos, se alcança buscando forças na oração e entregando-se nas mãos do Pai! Nós, seus discípulos e discípulas, certamente ainda não entendemos este jeito de amar e concretizar o Reino. Precisamos entrar na intimidade do Pai. A parábola vai ilustrar modo de ser e de agir. Nela há dois personagens: Um juiz (que deve fazer justiça) e uma viúva (que necessita ser justificada). Ambos viviam numa cidade aqui não identificada. Do Juiz se diz que “não temia a Deus nem respeitava os homens”. Uma descrição muito breve para dizer que era alguém que julgava e decretava sentenças conforme seus interesses pessoais. Da viúva se diz que era vítima da prepotência de alguém e buscava justiça. Na Palestina, como em outras sociedades ainda hoje, a viúva era alguém sem direito algum. Não tinha quem a defendesse, não tinha como pagar um defensor. É indefesa, frágil, mas busca seus direitos. Pobres também não estão na agenda do Juiz. A uma certa altura, o relato, como que deixando a viúva em segundo plano, se volta para o Juiz que, com seu raciocínio perverso, resolve atender a viúva para não mais ser incomodado. Podemos nos perguntar: Como interpretar esta parábola? Onde é que Jesus quer chegar? Comparar o Juiz com Deus? A conclusão é direta: Se um Juiz iníquo atende uma viúva por sua insistência, quanto mais Deus nosso Pai não ouvirá o clamor de seus filhos! Por meio desta parábola, Jesus orienta seus discípulos a serem persistentes, nunca desistir, mesmo quando tudo parece ruir . Também para os discípulos a cruz se aproxima e não haverá quem os defenda neste mundo. A fé na ressurreição os sustentará. O Pai fará justiça e agirá com misericórdia. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ