29º Domingo do Tempo Comum – 17/10/2021

14/10/2021

“Não sabeis o que pedis”- Mc 10,35-45 – Na liturgia do 29º Domingo do Tempo Comum continuamos a percorrer, com Jesus e com os discípulos, o caminho para Jerusalém. Jesus vai à frente e os discípulos seguem “cheios de temor” (cf. Mc 10,32). Qual a razão deste temor? Má vontade dos discípulos? Polêmicas e exigências do Messias? Aproximação do destino final de Jesus, em Jerusalém, que o grupo não aprova?

No desenrolar dos acontecimentos e ensinamentos, os discípulos continuam sem perceber a lógica do Reino. Ou não querem, ou não conseguem compreender a proposta de Jesus e do Reino. Vivem seus sonhos e parece não haver espaço para projetos alternativos. Consideram-se certos em sua compreensão de seguimento de Jesus e sua compreensão de Reino de Deus segue por outros caminhos.

 A primeira parte do nosso texto (vv. 35-40) tem como cenário a aproximação de Tiago e de João, que fazem um pedido direto a Jesus: “Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda”. Nem se trata de um pedido respeitoso e reverente. Ė mais uma reivindicação de quem se sente no direito deste privilégio. Apesar de todos os ensinamentos recebidos, vemos que nada mudou nos seus sonhos pessoais de autoridade, de poder e de grandeza. Quando decidiram seguir Jesus, tinham em vista outro projeto, no qual a cruz e a entrega da vida não estavam no horizonte

Jesus, mais uma vez, se vê obrigado a esclarecer as coisas: “Não sabeis o que pedis”. Para se sentarem à mesa do Reino, devem estar dispostos a “beber o cálice” que Ele vai beber e a “receber o batismo” que Ele vai receber. No contexto bíblico, o “cálice” indica o destino de uma pessoa. Assim, “beber o mesmo cálice” de Jesus significa partilhar do destino de entrega e de dom da vida que Jesus vai realizar. O “receber o mesmo batismo” é participar da paixão e morte de Jesus. Só quem se dispõe a percorrer o caminho do sofrimento, da entrega, da doação da vida, participa do Reino. Tiago e João manifestaram, em seguida, a sua disposição de percorrer o caminho do dom da vida. Mas Jesus não lhes garante atender seu pedido. A decisão é do Pai. O discípulo é chamado a seguir Jesus em total gratuidade, sem recompensa alguma.

Na segunda parte do nosso texto (vv. 41-45), temos a reação dos demais discípulos ao pedido dos dois irmãos, certamente todos com as mesmas pretensões. O modelo dos “governantes das nações” e dos “grandes do mundo” (v. 42) não é modelo para a comunidade do Reino, alicerçada no amor e no serviço. ‘Não deve ser assim entre vós: Quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos”. Os discípulos de Jesus precisam renunciar a qualquer ambição de poder e de domínio, pautar suas vidas por novos valores, nos quais o serviço é alicerce dos demais, a exemplo de Jesus: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por todos” (Mc 10,45). Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ