29º Domingo do Tempo Comum

13/10/2022

“Orar sempre sem desanimar”Lc 18,1-8 – Continuamos acompanhando Jesus a “caminho para Jerusalém”. Como estamos vendo ao longo de todos os últimos domingos, Lucas coloca os grandes ensinamentos de Jesus sobre o Reino de Deus ao longo do “caminho para Jerusalém”, onde irá morrer e ressuscitar.

A liturgia de hoje nos mostra a importância da oração, da confiança em Deus, da entrega a Ele as causas impossíveis. Sem a entrega a Deus, não se vencerá as forças do mal, a força do “dragão” que quer destruir e matar.

Para bem ilustrar este ensinamento, o Evangelho deste domingo narra uma parábola, seguida de aplicação teológica espiritual. Os personagens centrais da parábola (vv 2-5) são uma viúva e um juiz. A viúva, pobre e injustiçada passava muito tempo a queixar-se do seu adversário e a exigir justiça. Não se diz quem seria este adversário. Mas se diz que havia um juiz, “que não temia Deus nem os homens”. Naquela época tais julgamentos ocorriam geralmente em praça pública. A vitima do caso, uma mulher viúva, pobre, sem direitos e sem proteção, não desistia de clamar por justiça, mesmo que o juiz não lhe desse qualquer atenção… No entanto, apesar da dureza e insensibilidade do Juiz, ele acaba por fazer justiça à viúva, a fim de se livrar definitivamente da sua insistência importuna.

Na Bíblia, a viúva representa o pobre sem defesa, vítima da prepotência dos seus administradores, ricos e poderosos, pois as viúvas no tempo de Jesus, não tinham direito algum. Se possuíssem algum bem material, não podiam administrar. Eram os escribas ou outras autoridades que o faziam.

Apresentada a parábola, vem o ensinamento teológico e espiritual (vv. 6-8). Se um juiz prepotente e insensível é capaz de resolver o problema da viúva por causa da sua insistência, muito mais Deus, que é pura misericórdia, ouve o clamor de seu povo.

Que é que tudo isto tem a ver com a oração? Por que uma parábola sobre a necessidade de rezar? Muitos acontecimentos históricos, de ontem e de hoje, induzem-nos a duvidar da justiça de Deus. Guerras, pandemias, violências, mortes, perseguições, tanta maldade humana, e o silêncio de Deus nos angustia. Por que é que Deus permite que tantos milhões de pessoas sobrevivam em condições tão degradantes? Por que é que os maus e injustos praticam arbitrariedades sem conta sobre os mais fracos e nenhum mal lhes acontece?

Sem dúvida, esta narrativa é de estrema atualidade, destinada ao mundo dos fiéis que, apesar do aparente silêncio de Deus, somos chamados a “rezar sem cessar”, buscar a intimidade e a confiança em Deus. Deus fará justiça na terra, mas a nossa fé, a nossa confiança é indispensável ao longo de toda a nossa vida.

Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ