32º Domingo do Tempo Comum – 07/11/2021

04/11/2021

A grande esperança –  Mt 5,1-12a,  ou “Ela, na sua pobreza, ofereceu tudo” – Mc 12,38-44 – Neste domingo, 07 de Novembro, conforme as Conferências Episcopais, celebra-se o 32º domingo do Tempo Comum ou a Solenidade de Todos os Santos, transferida do dia 1º de Novembro. A Solenidade de Todos os Santos, tem como Evangelho as tão conhecidas “Bem-aventuranças” de Mateus, que nos fazem recordar a vocação pessoal e universal à santidade. Celebrando todos os santos e mártires, a Igreja nos convida a refletir sobre a grande esperança de nosso viver. Os Santos e Santas são as testemunhas exemplares desta esperança cristã, porque, mesmo em meio a grandes sofrimentos, viveram a prática das Bem-aventuranças plenamente em suas vidas. As bem-aventuranças evangélicas são o caminho para a santidade. Várias, mesmo parecendo contraditórias, são carregadas de esperanças. Os pobres, os que choram, os perseguidos, os injustiçados, todos são felizes porque sua fonte e seu fim é a plenitude da vida.

Esta esperança e santidade se torna visível de forma exemplar, no evangelho do 32º domingo – Mc 12,38-44 –  Estamos em Jerusalém, nos dias que antecedem à prisão, julgamento e morte de Jesus.  Fica sempre mais evidente que o projeto do Reino não cabe na visão religiosa dos líderes judaicos. Jesus tem consciência de que os líderes da comunidade judaica tinham transformado a religião de Moisés numa proposta vazia e estéril. Muito aparato, sem relação com a fonte originária. Jesus está ensinando nos átrios do Templo, rodeado pelos discípulos e vê, de perto, todo o aparato religioso e até “folclórico” que ali se realizava. Os “doutores da Lei” com as suas vestes especiais e cheios de honras, circulam por toda parte. No “átrio das mulheres”, onde se situava o “Tesouro do templo”, Jesus observa que uma viúva deposita a sua humilde oferta. As viúvas, no ambiente palestino de então, eram o modelo clássico do pobre, do explorado, do débil. Eram inclusive exploradas pelos “doutores da Lei”, que administravam seus bens, caso elas não tivessem herdeiros.  Uma delas vem depositar suas últimas economias no tesouro do templo.

Jesus convida os discípulos a perceber o essencial da verdadeira atitude religiosa, da verdadeira santidade. Em profundo contraste com o quadro dos doutores da Lei, temos a figura de uma pobre viúva, que se aproxima de um dos treze recipientes situados no átrio do Templo. A mulher deposita aí duas simples moedas, as mais insignificantes das moedas judaicas; mas era tudo o que a mulher possuía. Somente Jesus observa e manifesta admiração pelo seu gesto. Apenas Jesus percebe, naquelas duas moedas, a marca de um dom total, de um completo despojamento, de uma entrega radical e sem medida.

            O encontro com Deus, a santidade, passa por gestos simples e humildes, sinceros e verdadeiros, que expressam a entrega generosa e o compromisso total. O Santo não é o que cultiva gestos teatrais e autorreferenciais. É o que aceita despojar-se de tudo, renuncia aos projectos pessoais e se entrega completa e gratuitamente nas mãos de Deus, com humildade, generosidade, total confiança, amor verdadeiro. É este o caminho de santidade que os discípulos de Jesus devem seguir. Quanto desafio para os seguidores de Jesus ontem, hoje e sempre. Ir. Zenilda Luzia Petry –