32º Domingo do Tempo Comum

03/11/2022

O Deus dos vivos – Lc 20,27-38 – No domingo passado, no 31º domingo do Tempo Comum, tivemos o belo relato de Zaqueu que queria ver Jesus. O cenário deste relato é Jericó, distante há 30 km de Jerusalém. Durante um longo período do tempo litúrgico, viemos acompanhando Jesus que estava a caminho de Jerusalém, um itinerário teológico, no qual vai sendo revelado a realidade do Reino e as exigências para dele participar.

A Liturgia deste domingo já nos situa em Jerusalém, sem nada narrar sobre a chegada de Jesus ao seu destino. Isto ocorre em outro contexto litúrgico. Os relatos do “caminho” vão indicando a beleza e as exigências do seguimento de Jesus. Em Jerusalém, lugar da morte e ressurreição do mestre, vai se evidenciar quem serão os responsáveis pela morte de Jesus. Os líderes judaicos tudo farão para eliminar este que atrai multidões. Discussão após discussão, torna-se claro que os líderes judaicos rejeitam a proposta de Jesus: prepara-se, assim, o quadro da paixão e da morte na cruz. Em Jerusalém, os grandes adversários de Jesus são os saduceus.

Já vimos, ao longo do Evangelho, que há diversos confrontos com os fariseus, mas são confrontos de interpretação da Lei, confrontos que giram em torno da religião tradicional. Lucas mostra até certa simpatia de Jesus para com os fariseus. Relata diversas idas de Jesus à casa de fariseus.

Os saduceus, porém, são de outra ordem. No tempo de Jesus, eles formavam um grupo aristocrático, recrutado sobretudo entre os sacerdotes da classe superior. Exerciam a sua autoridade à volta do Templo e dominavam o Sinédrio. A sua importância política era real, ainda que muito limitada pela presença do procurador romano. Ideologicamente, eram conservadores e entendiam-se bem com o opressor romano… Pretendiam manter a situação, para não ver comprometidos os benefícios políticos, sociais e econômicos de que desfrutavam.

            Para os saduceus, interessava apenas a Lei escrita (a “Torah”). As novas ideias que circulavam nos meios populares, não eram admitidas. A crença na ressurreição dos mortos, surgiu no período dos Macabeus, uma crença de resistência dos mártires, não era aceita pelos saduceus. Para que esperar uma “outra vida”, se esta está tão boa!!!!

A questão central deste Evangelho gira em torno desta boa nova da ressurreição. Os saduceus colocam uma questão teórica, sem fundamento concreto, para ridicularizar a crença na ressurreição e provocar Jesus. Jesus não entra na polêmica e resgata as manifestações do Deus da vida, em diversas passagens da Escritura. Um Deus pessoal, que caminha com o povo e que é o Deus dos vivos.  Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ