4º Domingo da Páscoa

18/04/2024

Dou a minha vida – Jo 10, 11-18 – O quarto Domingo da Páscoa é o “Domingo do Bom Pastor”. É o próprio Jesus que se apresenta como “o Bom Pastor”, que ama as suas ovelhas, cuida e dá a vida por elas. A primeira leitura continua com o testemunho de Pedro que proclama que Jesus é o único Salvador, o único pastor que nos conduz à plenitude da Vida. O amor de Deus que enviou Jesus, o Bom Pastor, é contemplado na Segunda Leitura, na 1ª carta de João. O Evangelho contém parte do discurso do “Bom Pastor”. Ao qualificar como “bom” pastor, certamente aponta para a existência de “maus” pastores. Olhemos mais de perto estas indicações. A imagem do “Pastor” não é novidade de Jesus. Já vem do Antigo Testamento, em especial do texto de Ez 34. Falando aos exilados da Babilônia, Ezequiel reconhece que os “líderes” de Israel, cuja função era serem pastores do povo,  foram “maus pastores”. Ao longo da história, conduziram o povo por caminhos de sofrimento, de injustiça e de morte. Na sua profecia, Ezequiel anuncia que o próprio Deus vai retirar dos líderes o cuidado do povo e vai, Ele mesmo, assumir a condução do Seu povo. Irá colocar à frente do seu “rebanho” um “Bom Pastor”, anúncio este que se cumpriu em Jesus. O cenário do discurso de Jesus sobre o “Bom Pastor” é Jerusalém, no contexto da “festa da Dedicação do Templo”. É a festa da “Luz”, muito popular e concorrida. Os líderes religiosos atuavam de forma muito intensa nestes dias de festa. Entre os rituais e símbolos, havia um candelabro com oito braços, que era aceso progressivamente nos oito dias da festa. Neste contexto de efervescência, Jesus tinha curado um cego de nascença, assumindo-se como “a Luz” que veio para iluminar as trevas do mundo. As autoridades fizeram muita oposição ao cego, chegando a expulsá-lo do Templo. Assim sendo, o discurso do “Bom Pastor” contém forte denúncia aos “maus pastores”, interessados em proteger os seus interesses pessoais e usar o povo em benefício próprio. São “ladrões e salteadores” que tomaram de assalto o rebanho que lhes foi confiado e roubaram ao povo a oportunidade de encontrar Vida. Na sequência, Jesus descreve a ação do bom pastor: conhecimento mútuo (conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem); dar a vida (Eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas) reunir outras (Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir); ouvir a voz (elas ouvirão a minha voz); unidade (e haverá um só rebanho e um só Pastor). Tudo na dinâmica do amor. Há outras denúncias no discurso: uma delas é a do “mercenário”, pastor contratado por dinheiro. Não tem relação com as ovelhas. O rebanho não é dele e ele não ama as ovelhas que lhe foram confiadas. Limita-se a cumprir o seu contrato, fugindo de tudo aquilo que pode pôr em perigo a sua vida. Cumpre as obrigações e o seu coração não está com o rebanho. O “pastor mercenário”, quando vê que o lobo vai atacar o rebanho, abandona as ovelhas e foge. O “lobo” representa tudo aquilo que põe em perigo a vida das ovelhas: os interesses dos poderosos, a opressão, a injustiça, a violência, o ódio do mundo. Os dirigentes judeus são “pastores mercenários”. O “Bom Pastor”, o pastor verdadeiro, presta o seu serviço por amor e não por dinheiro. Ele ama as suas ovelhas; por isso, arrisca tudo em benefício do rebanho. É capaz de dar a própria vida pelas ovelhas que ama e elas podem confiar no “Bom Pastor”; sabem que ele não defende interesses pessoais, mas cuida dos interesses do seu rebanho. Jesus é o modelo do verdadeiro pastor, que tem uma relação de intimidade com suas ovelhas, intimidade semelhante com a que Ele tem com o Pai.  E seu cuidado com as ovelhas rompe as fronteiras de um povo, de uma nação. Sua missão é cuidar de todas as ovelhas, inclusive as que não são “deste redil”. Todas as nações pertencem ao rebanho de Deus. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ