6º Domingo do Tempo Pascal

22/05/2025

 Permanecei no meu amorJo 14,23-29 – A liturgia do 6º domingo da Páscoa trata, mais uma vez, do amor que dá identidade aos discípulos de Jesus. “Nisto saberão que sois meus discípulos”.  Deus é a fonte primeira do amor. Quem ama está “com” Deus e “em” Deus. Jesus, por gestos e palavras, mostrou que o amor de Deus é infinito. Quem ouve sua palavra e a observa torna-se morada da Trindade. Na primeira leitura, mais uma vez do livro dos Atos dos Apóstolos, vemos os discípulos levando o anúncio da salvação ao mundo, sem distinção de raça, de condição religiosa ou social. Importante é o testemunho do amor de Deus. A segunda leitura, novamente do Apocalipse, em linguagem extremamente simbólica, mostra a utopia do Reino em movimento. A cidade santa resplandece e nela não há mais templo e não precisa mais de luzes. Pois Deus mora no meio do povo e não precisa mais de templo e nem de ritos. O Evangelho continua no mesmo cenário do domingo anterior: em Jerusalém, numa noite de quinta-feira. Jesus está à mesa com os seus discípulos, numa ceia de despedida. Está preocupado com os seus discípulos. Como irão reagir frente à Sua paixão e morte? Os discípulos são pessoas frágeis, com ideias pouco claras, que ainda não interiorizaram suficientemente os valores do Reino. Consciente de que lhe resta pouco tempo, Jesus procura lembrar aos discípulos o essencial da proposta que lhes transmitiu enquanto andava com eles pelos caminhos da Galileia e da Judeia. Tudo o que foi dito nessa noite, à volta da mesa, soa como “testamento final”.  Procura fazê-los entender a importância de “permanecerem” em comunhão com Ele. Jesus inicia dizendo: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada”. A morada de Deus, a partir de Jesus, não é mais o templo, mas o coração humano. Os seguidores de Jesus mostrarão o seu amor “guardando” a sua palavra, “vivendo” segundo seu modo de vida. Tudo vivido em comunhão com Jesus e com o Pai. Para serem fiéis irão receber a força de Deus, o Espírito Santo, o “Paráclito”, o grande “consolador” e “defensor””, esta presença solícita e cuidadora da vida dos discípulos. O Espírito terá a função de “ensinar” e de “recordar” tudo aquilo que Jesus lhes disse. Uma presença viva, sempre presente, agindo sempre nos corações de quem se abre para ser morada divina. Finalmente, Jesus oferece aos discípulos a “paz”. A “paz” oferecida por Jesus, não é a paz que o mundo se arvora em dar, mas é a “vida” nova que Ele veio trazer ao mundo. É o amor misericordioso de Deus que gera um mundo deferente de tudo aquilo o que é natural em nós humanos. Jesus ainda afirma que vai partir, mas sua ausência será breve. Os discípulos devem “alegrar-se”, pois a morte não é uma tragédia sem sentido, mas é a hora da “glorificação”, pois a cruz é a manifestação suprema do amor de Jesus pelo Pai e pela humanidade.  O que importa é “permanecer no amor”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ

 Obs. Segue a homilia do saudoso Papa Francisco, sobre o Evangelho deste domingo

Queridos irmãos e irmãs, Bom Dia!

O Evangelho deste VI Domingo de Páscoa nos apresenta um trecho do discurso que Jesus dirigiu aos Apóstolos na Última Ceia (cfr Jo 14,23-29). Ele fala da obra do Espírito Santo e faz uma promessa: “O Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito” (v. 26).

Enquanto se aproxima o momento da cruz, Jesus tranquiliza os Apóstolos que não ficarão sozinhos: com eles estará sempre o Espírito Santo, o Defensor, que os apoiará na missão de levar o Evangelho para todo o mundo. Na língua original grega, o termo “Defensor” significa aquele que se coloca ao lado, para apoiar e consolar. 

No que consiste a missão do Espírito Santo que Jesus promete como dom? Ele mesmo diz: “Ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”. Durante a sua vida terrena, Jesus transmitiu tudo o que queria confiar aos Apóstolos: cumpriu a Revelação Divina, isto é, tudo aquilo que o Pai queria dizer à humanidade com a encarnação do Filho.  A tarefa do Espírito Santo é aquela de recordar, isto é, fazer compreender em plenitude e induzir a realizar concretamente os ensinamentos de Jesus.

E bem essa é também a missão da Igreja, que realiza através de um estilo de vida preciso, caracterizado por algumas exigências: a fé no Senhor e o respeito à sua Palavra; a docilidade pela ação do Espírito Santo, que torna continuamente vivo e presente o Senhor Ressuscitado; o acolhimento da sua paz e o testemunho através de um comportamento de abertura e de encontro com o outro.

Para realizar tudo isso que a Igreja não pode ficar estática. Precisa se libertar dos laços mundanos representados pelos nossos pontos de vista, pelas nossas estratégias, pelos nossos objetivos, que muitas vezes sobrecarregam o caminho da fé; e nos colocar em dócil escuta da Palavra do Senhor. Assim é o Espírito de Deus que nos guia e guia a Igreja para que através dela brilhe o rosto autêntico, belo e luminoso, desejado por Cristo.

O Senhor hoje nos convida a abrir o coração ao dom do Espírito Santo para que nos guie nos caminhos da história. Ele, dia a dia, nos educa à lógica do Evangelho, à lógica do amor acolhedor, “nos ensinando tudo” e “nos recordando tudo aquilo que o Senhor nos disse”.

Maria, que neste mês de maio veneramos e rezamos com devoção especial como nossa mãe celeste, proteja sempre a Igreja e a inteira humanidade. Ela que, com fé humilde e corajosa, cooperou plenamente com o Espírito Santo para a encarnação do Filho de Deus, ajude também nós a nos deixar instruir e sermos guiados pelo Defensor, para que possamos acolher a Palavra de Deus e testemunhá-la com a nossa vida.