Primeiro Domingo do Advento

27/11/2025

 O Filho do Homem virá – Mt 24,37-44 – Iniciamos neste domingo a nossa caminhada de Advento,  abrindo assim um novo Ano Litúrgico, o Ano A, no qual iremos ler o Evangelho de Mateus. Não se trata de um “caminho” geográfico, mas de uma longa caminhada “espiritual”. Este “caminho” convoca a preparar-nos para acolher o Senhor que vem e a reconhecê-lo quando chegar. Necessário se faz cuidar para que as coisas fúteis e passageiras, tão comercializadas no tempo de Natal, não nos desviem do caminho e não nos impeçam de reconhecê-lo quando chegar. Usando a metáfora do “caminho”, a Palavra de Deus  vai nos  fornecer sinalizações ao longo do caminho do Advento. Nele vamos encontrar dizeres tais como: “vigiai”, “estai atentos”, “não vos deixeis adormecer”, “sigam em frente”, “silêncio”.  Na primeira leitura, o profeta Isaías nos indica o ponto de chegada da caminhada: a “paz” e a “fraternidade” entre todos os povos. Jesus, aquele que vai nascer, irá concretizar esta meta sonhada. Paulo, na segunda leitura, anima o peregrinar dos cristãos, que precisam ser “peregrinos de esperança” e afirma que o Senhor Jesus vai chegar; então é urgente deixar as “obras das trevas”. O Evangelho, descrito em linguagem simbólica, faz parte do discurso apocalíptico de Jesus, segundo Mateus, e tem como temática central a vinda do Filho do Homem e orienta os discípulos a bem preparar essa vinda: “Vigiai, estai sempre preparados”. Não será possível saber o dia e a hora em que isso acontecerá. Jesus não oferece nenhuma informação: “quanto àquele dia e àquela hora, ninguém o sabe: nem os anjos do céu, nem o filho; só o Pai”. O que importa é estar preparado para o encontro com o Senhor que vem, razão de ser de toda a existência humana. Daí a importância de estar vigilante, atitude própria do Advento. Para que os discípulos tenham melhor compreensão de toda a catequese, Jesus recorre a três exemplos bem expressivos. O primeiro se refere aos tempos de Noé, quando o dilúvio chegou de improviso e os que estavam distraídos, apenas aproveitando a vida, pereceram todos. Somente Noé  e os que estavam preparados, se salvaram. O segundo exemplo é o de uma atividade camponesa, afazeres diários necessários. Jesus vai nos encontrar na faina da vida diária. Nesta rotina cotidiana, corremos o risco de estreitar os nossos horizontes e de perder de vista aquilo que dá pleno sentido à nossa existência. O terceiro exemplo se refere à proteção da casa. Caso o dono adormecer, o ladrão pode chegar e roubar tudo. É preciso estar atento a tudo e a todos. Três sinalizações no caminho do Advento: buscar o verdadeiro sentido vida, cultivar horizontes maiores da existência, manter-se vigilantes, atentos para não adormecer. A Palavra de Deus é luz e força em nossa caminhada por esta vida, na qual nos deparamos com tantas contradições: com alegrias e tristezas, doação e egoísmo, fraternidade e individualismo, paz e guerra, pobreza e riqueza, fé e medo, amor e ódio e tantos outros desafios. Jesus não promete nenhuma solução, apenas diz: “deveis viver atentos, vigilantes, preparados”. O Advento é este ensaio para uma vida vigilante. Segundo Pe.  Ermes Ronchi,  é “tempo de desejar e esperar o Deus que vem como um ladrão. Que vem no tempo das estrelas, em silêncio, sem ruído nem clamor, sem aparências, que nada rouba e tudo dá”. O Filho do Homem virá e está próximo Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ