Saboreando a Palavra

28/08/2018

A Sabedoria do Coração e a força das mãos – Mc 6,1-6
Lendo nas entrelinhas o texto de Mc 6,1-6, percebe-se que se trata de uma construção narrativa do Evangelista, que gera impacto e até certo mal estar. O texto anterior mostrara Jesus em plena atividade taumatúrgica, ou seja, expulsara demônios (5,1-20), realizara curas, (5,25-34) resgatara a vida de uma menina de doze anos (5,35-43). Na narrativa que segue, Jesus retorna à sua cidade e, no sábado, vai à sinagoga e se põe a ensinar. As “multidões ficam assombradas” com sua sabedoria e com a “força de suas mãos”. Seria de se esperar que seus conterrâneos, pelo menos se alegrassem com o filho famoso, ou pelo bem que Jesus realiza. Ao contrário, tudo desemboca numa inesperada rejeição. Ouviram falar das curas que Jesus realiza, da sabedoria que revela, da boa nova da qual é porta voz, mas não tiram as consequências necessárias. A imagem de Messias que eles têm não é compatível com os antecedentes familiares e profissionais de Jesus. Conhecem sua origem e sua profissão. Sabem que Jesus provém de um povoado sem importância: Nazaré (Jo 1,46). Não estudou em nenhuma escola famosa. Suas “mãos” são de artesão, de carpinteiro, trabalhador braçal. As expressões usadas, “isso”, “esse”, revelam o menosprezo pela figura humilde de Jesus. É o carpinteiro, conhecem seus irmãos e irmãs que vivem no mesmo povoado deles. Como pode ser sábio quem não estudou? Como as mãos de um artesão podem possuir tal poder? E segue o famoso refrão: ninguém é profeta em sua pátria, ou seja, em seu lugar de nascimento, entre os parentes, entre os seus familiares. E Jesus não pode realizar ali o bem porque lhes faltava a fé para receber e reconhecer o dom. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ

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