Saboreando a Palavra

28/08/2018

“Levantem a cabeça” – Lc 21,25-28.34-36. Estamos no 1º domingo do Advento, tempo de alegre espera. O Evangelho deste dia pode nos trazer dificuldades de compreensão. Escrito em gênero literário apocalíptico, cheio de imagens e símbolos, nem sempre compreensíveis em outros contextos, é por vezes interpretado como descrição do fim do mundo. A linguagem apocalíptica não visa descrever o futuro que ninguém sabe quando será, nem a descrição do ”fim do mundo”, mas quer suscitar esperança a quem está em desalento.
O texto é, certamente, uma catequese para ajudar a enfrentar sofrimentos, catástrofes e perseguições. Escrito após os anos 70 da era cristã, tem como pano de fundo o ataque romano a Jerusalém e a profanação do Templo, fatos estes que abalaram a fé dos primeiros cristãos. O evangelista então recorda os últimos dias da vida terrena de Jesus, em que anuncia tempos difíceis de sofrimento e perseguição. Mas estes sofrimentos não são a última palavra da História. A última palavra pertence a Deus e então, mais uma vez, usando do recurso da linguagem apocalíptica, o evangelista afirma que “Jesus voltará uma segunda vez”. Sabemos que Ele é o Emanuel, o “Deus conosco”, que sempre “está no meio de nós”, mas é preciso sustentar a fé e a esperança. Em situações de muito sofrimento e dor, vive-se, por vezes, a sensação de que Deus nos abandonou ou até mesmo nem sequer existe. Então a presença de Jesus é descrita como uma “segunda vinda”. ”Fiquem de pé e levantem a cabeça, pois a vossa libertação está próxima” (21,28). O Evangelho alerta ainda a não esperar passivamente a vinda do Filho do Homem. É preciso ”estar atento” a sua presença, nem sempre percebida, e assumir novas práticas, com “mente livre”, sem “preocupações inadequadas”. É necessário reconhecer que Jesus está presente nos sinais da história, no rosto dos irmãos, nos apelos dos que sofrem. É preciso ter a vontade e a liberdade de acolher o dom de Jesus, deixar que ele transforme o nosso coração e se faça vida em nossos gestos e palavras. É necessário também resistir aos sofrimentos e a tantos reinos destruidores que abalam até “o sol, a lua e as estrelas”, e manter a certeza de que estes reinos vão cair. Não pôr a segurança nas coisa que passam É preciso também descobrir a boa nova que está sob as cinzas da história e dos acontecimentos que tanto nos afetam. Para bem viver estes tempos de crise, se faz necessária a alerta de uma sentinela. VIGIAI SEMPRE! É o espírito que perpassa o tempo do Advento. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ

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