Saboreando a Palavra

28/08/2018

“Alegria para todo o povo” – Lc 2,1-14 – É Natal! Na narrativa do Evangelho da missa do dia, temos um cenário histórico- artístico- literário dos mais completos da história. Mesmo que não o compreendamos em toda a sua beleza, profundidade, mistério, deixa-nos encantados e com vontade de fazer festa. O sentido mais profundo da vida é assim: não cabe em explicações ou definições e então fazemos festas, cheias de afeto, sem conhecer exatamente a razão de ser de tantas coisas que fazemos. Mergulhamos na gratuidade e encantamento. Assim é o Natal. Infelizmente a humanidade foi perdendo esta inocência encantadora e introduziu o Papai Noel. Mesmo que seja na figura de “bom velhinho”, comercializa o que nasceu mistério.
De acordo com o relato, é noite escura. Pastores estão nos campos em vigília, no cuidado e defesa de seus rebanhos. De repente uma “claridade” envolve com seu esplendor alguns pastores. É a “glória do Senhor”, o esplendor divino que tudo envolve. A imagem é grandiosa: “a noite ficou iluminada”. No entanto, os pastores “se enchem de temor”. “Não temais”. Eles não têm medo das trevas, estão acostumados a elas, mas temem a luz. A luz de Deus nos causa medo, estranheza, nos acostumamos às trevas, tememos viver na verdade. Já no início do Evangelho de João se afirma que os homens preferem as trevas… É assim também o atual momento brasileiro.
O mensageiro continua: Eis que vos anuncio uma grande alegria, que será para todo povo”. A alegria do Natal não é “uma alegria a mais” entre outras. É preciso não confundi-la com bem-estar, comidas abundantes, presentes, satisfação. É a “grande alegria, inconfundível, que vem da “Boa Notícia” de Jesus. Esta alegria é “para todo o povo”, sobretudo para os que pouco ou nada tem, os que mais sofrem e vivem tristes. Esta é a razão de celebrar o natal: “nasceu-vos hoje o Salvador”. E então juntos podemos cantar: “Glória a Deu no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que Ele ama”. Paz na terra, pois o rosto da Misericórdia do Pai foi revelado nesta frágil criança, “envolta em faixas e deitada numa manjedoura”. Corramos também nós para Belém para contemplar o “rosto da Misericórdia do Pai”, deitado numa manjedoura, afagado pela ternura de Maria, que “envolve em faixas” o Deus feito frágil criança. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ

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