Saboreando a Palavra

28/08/2018

“Façam tudo o que ele vos disser” – Jo 2,1-11 – Após as festas natalinas inicia o Tempo Comum, tempo em que vivemos nossa vida de seguimento a Jesus no dia a dia e vamos aprofundando os principais Mistérios da Salvação. O ano de 2016, ano C, vai nos conduzir pelas trilhas do Evangelho de Lucas, mas neste domingo a Liturgia nos brinda com o relato do 1º Sinal do mistério da salvação, descrito por João. O 4º Evangelho apresenta “sinais” da revelação destes mistérios, enquanto os sinóticos preferem narrar ações realizadas por Jesus que nos colocam na contemplação do mistério. Um “Sinal” se presta a múltiplas interpretações e tem a função de indicar uma realidade para além do que se vê. O texto de Jo 2, 1-11 é muito conhecido na Igreja. Corre-se o risco de não perceber o sabor desta Palavra. Muitas vezes é lido em cerimônias de casamento e seu sentido reduzido a um fato de cunho mais social. Daí a necessidade de um novo olhar sobre o texto. O cenário é um casamento, mas tanto o acontecimento em si, quanto as pessoas presentes e as ações realizadas são carregadas de simbolismo. Casamento, na Sagrada Escritura, tem a ver com a ”ALIANÇA” entre Israel e o seu Deus. Quando o Filho de Deus se encarnou em Jesus de Nazaré, estava faltando “vinho” a essa ”aliança”, amor, alegria e festa. A antiga aliança tinha perdido seu sentido e sua capacidade de trazer vida em Deus. As ”seis talhas de pedra destinadas à purificação dos judeus” estão vazias. Não sevem mais. São “seis talhas”, número simbólico da imperfeição; elas são de pedra, que pode significar tanto as tábuas da lei quanto o coração de pedra de que falava Ezequiel; eram usadas para a purificação e não purificam. Jesus dirá que a Palavra purifica. ”Bodas sem vinho” representa a situação religiosa do povo, desiludido e insatisfeito. Falta amor, falta alegria, falta misericórdia. Os personagens presentes na narrativa são altamente simbólicos. Maria, a mãe, é quem percebe primeiro o problema e encaminha a questão para Jesus: ”não têm mais vinho”. Depois se dirige aos servos: ”Façam tudo o Ele disser”. De mãe passa a ser discípula-missionária. O ”chefe de mesa” representa os dirigentes judeus, que não percebem que a sua prática religiosa está vazia. Os ”serventes” são os que colaboram com a boa nova de Jesus. A obra de Jesus será realizar uma profunda ”transformação” religiosa, social, econômica, política, cultural… Ele veio trazer o vinho da alegria, do amor e da festa… Veio nos revelar Deus como um Pai bondoso e terno, que fica feliz quando pode amar os seus filhos. Jesus veio nos revelar o “Rosto de Misericórdia do Pai”. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ

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