Saboreando a Palavra

28/08/2018

“Meu Senhor e meu Deus” – Jo 20,19-31 – 2º Domingo da Páscoa ou Dia da Misericórdia. A ressurreição de Jesus é a grande revelação da misericórdia do Pai. A morte de seu Filho pelas forças do mal não poderia ser a última palavra da história. Para quem acreditou no projeto do Reino, a morte de Jesus foi a maior derrota de todas as utopias. Mas a ressurreição foi uma magnífica intervenção de Deus na história, mostrando que Ele continua fiel em “ouvir o clamor dos oprimidos deste mundo”. Os poderes do mal não matarão a esperança dos pobres. A ressurreição de Jesus é, assim, ato supremo da misericórdia divina. Deus se revelou definitivamente assumindo a causa das vítimas deste mundo. Isto suscitou ousadia e coragem nos seus seguidores que, após fugas e negações, passaram a se reunir em comunidades e sair por toda a parte proclamando a esplendorosa notícia. O Evangelho deste domingo é uma bela catequese sobre a presença viva de Jesus Ressuscitado na comunidade. Insegura e frágil, ainda dominada pelo medo, a comunidade se reúne para celebrar a memória de Jesus. É no “primeiro dia da semana”, ou seja, no domingo. Sugere contexto litúrgico. O domingo é dia de encontro com o Ressuscitado. É no ”encontro”, com a Palavra proclamada, com o pão partilhado, que se descobre Jesus ressuscitado. Porém, o texto da liturgia deste domingo afirma que “no fim desse dia, que era o primeiro da semana, estando trancadas as portas do lugar onde estavam os discípulos com medo dos judeus…” (20,19). As portas estão “trancadas” e os seus estão com medo. Certamente indica que, mais do que portas e janelas fechadas, o coração, a mente, os olhos deles estavam trancados… Retrata a situação de insegurança e fragilidade, de incredulidade e falta de esperança que dominava a comunidade. Daí que Jesus “vem ao encontro” deles. Em todas as aparições do ressuscitado, é sempre Jesus que “vem ao encontro”, que se aproxima. A ressurreição é dom de Deus. O Ressuscitado liberta-os do medo e lhes traz a alegria. O resultado do encontro com o ressuscitado é sempre uma saída com muita alegria. Jesus transmite-lhes a paz e o perdão, comunica-lhes o Espírito Santo e os envia em missão. Temos ainda o episódio de Tomé. Trata-se certamente de uma catequese sobre a fé vivida em comunidade. A fé é vivida e nutrida na comunidade. O “eu rezo a sós com Deus” que tanto se divulga hoje, além de alimentar o individualismo, não sustenta a vida de fé. Tomé, inicialmente, não estava na comunidade reunida e então exige provas para crer. Também não valoriza o testemunho da Comunidade e não percebe os sinais de vida nova que nela se manifestam. Fora da comunidade, não se encontra o Cristo ressuscitado. Depois, voltando à comunidade, no ”dia do Senhor”, encontra o ressuscitado. Então não necessita mais das provas e faz uma perfeita profissão de fé: ”Meu Senhor e meu Deus”. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ

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