Saboreando a Palavra
“Uma nova humanidade” – Jo 20,19-23 – Solenidade de Pentecostes! Esta festa não é apenas uma simples conclusão do Tempo Pascal. Tem caráter profético, ou seja, anuncia que a Páscoa do Senhor continua, pois é constantemente atualizada na Igreja pela ação do Espírito Santo, o grande dom que atuou intensamente na ressurreição de Jesus e se confirmou em Pentecostes. O evangelho deste domingo nos remete ao início do tempo, quando “o Senhor Deus modelou o homem do barro da terra. Depois lhe soprou nas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2,7). Sabemos, por experiência, que o ser humano é barro e pode desmoronar a qualquer momento. Como caminhar com “pés de barro”, como amar com “coração de barro”, como ver a vida com “olhos de barro”? Deus, fonte de toda vida, lhe concede o seu sopro, a sua respiração, o seu espírito. O Evangelho de João, na liturgia de hoje, nos traz a conclusão cronológica deste início do tempo, quando Deus insuflou vida na porção de barro. “Ao anoitecer daquele primeiro dia da semana”. É no anoitecer, recordando o “caos primordial. É o “primeiro dia”, recordando o “princípio”. É uma nova criação que se inicia. Segundo o relato, o nascimento da Igreja é uma “nova criação”. Jesus sopra sobre os discípulos e diz: “Recebei o Espírito Santo”. A presença do Espírito assinala o irromper de um novo princípio. Sem o Espírito, a Igreja é sempre barro, incapaz de trazer esperança, paz e vida ao mundo. Sem o Espírito, a Igreja pode construir belos templos e monumentos, escrever infindáveis documentos e discursos exemplares, mas será sempre “de barro”. Para ser Igreja viva, Jesus é o centro e o Espírito Santo é seu condutor. João nos mostra isto de forma exemplar: Jesus se torna visível aos seus que estão reunidos de ”portas fechadas” por medo das autoridades. Aparece ressuscitado ”no meio deles” e deseja a paz: ”A paz esteja com vocês”. A saudação, o desejo de PAZ é uma constante nas aparições do ressuscitado. Uma segunda característica é o envio em MISSÃO: ”Como o Pai me enviou, eu também vos envio.” Para isso, ”sopra” sobre eles, transmitindo-lhes ”vida nova”, a força, o ESPÍRITO SANTO: ”Recebei o Espírito Santo…” e o dom do PERDÃO e da RECONCILIAÇÃO. O Espírito é portador do dom da paz, mensageiro do perdão, do amor, da misericórdia do Senhor. Esta é a nova humanidade suscitada pelo Espírito de Deus, o barro frágil vivificado pelo hálito, pela respiração divina. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ
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