Saboreando a Palavra
Ponderar bem as decisões – Lc 14,25-33 – Estamos no mês da Bíblia e no 23º domingo do TC. Continuamos lendo e refletindo o Evangelho de Lucas. Jesus segue seu caminho para Jerusalém e vai formando seus discípulos sobre o Reino de Deus. Não somente seus discípulos, mas “grandes multidões que acompanham Jesus” (v24). Ele sabia que entre eles havia pessoas boas, desejosas da palavra, que buscavam sinceramente o Messias. Havia curiosos em satisfazer o desejo de novidade. Interesseiros, na esperança de participar da glória e da fama. Havia também inimigos, à espreita de uma ocasião para acusá-lo e condená-lo. Sem medo de perder alguns simpatizantes, Jesus aponta três condições para segui-lo: 1. Desapego afetivo;
2. Disponibilidade em carregar a cruz; 3 . Renúncia aos bens materiais. É o que lemos no v 25, que, conforme algumas traduções, nos causa profundo estranhamento: “quem vem a mim e não odeia (deixa em segundo plano) seu próprio pai e mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser meu discípulo”. E ainda mais: “Quem não carrega sua própria cruz e não vem após mim, não pode ser meu discípulo”. Multidões acompanham Jesus, admiram certamente seus gestos e palavras, buscam conforto para suas vidas sofridas, soluções para seus problemas. Mas será que fazem ideia que seguir Jesus significa entrar numa nova realidade? Naturalmente Jesus se dirige aos que querem “ser discípulos”. Trata-se de uma opção, de um ato feito na liberdade, de um querer soberano. Mas aceitando a proposta, está incluída a cruz. Daí as duras exigências formuladas por Jesus: abandonar a família, o sucesso, a própria vida. Trata-se de assumir o projeto de Jesus, de pôr-se no mesmo caminho, de seguir suas pegadas, de assumir as consequências da opção feita. Daí a necessidade de ponderar bem a decisão a ser tomada. Seguir Jesus não é atitude passageira, não se reduz a momentos de euforia, de entusiasmo sentimental, mas traz exigências de cruz. Mas também não se trata de algo impossível. Tantos já o fizeram ao longo da história, mas Jesus manda ponderar sabiamente as próprias forças e disponibilidade para tal empreendimento (14,28-32). À primeira vista se poderia concluir que Jesus esteja convidando a ter um comportamento prudente e precavido, sem riscos. Mas se olharmos as duas parábolas, vemos que são projetos ambiciosos e que precisam de um sábio planejamento para serem bem sucedidos. Mais do que um comportamento mesquinho dos seus seguidores, Jesus sinaliza para a grandiosidade do projeto do Reino de Deus e desafia seus discípulos à radicalidade da opção por tal projeto, visto ser este um valor absoluto para a vida dos que acompanhavam Jesus. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ
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