Saboreando a Palavra

28/08/2018
O rosto da misericórdia – Lc 15,1-32 – Em Lc 15 temos três parábolas conhecidas como “parábolas da Misericórdia” e que melhor revelam o rosto da misericórdia de Deus. É uma obra prima de catequese. Como poderemos ver, estas parábolas são dirigidas, não aos discípulos, mas aos “fariseus e doutores” que não aceitam que Jesus esteja comendo com “coletores e pecadores” que se aproximam para ouvi-lo. O texto pode claramente ser divido em quatro partes: a) Lc 15,1-2 – Introdução; b) Lc 15,3-7 – a ovelha perdida; c) Lc 15,8-10 – a moeda perdida; Lc 15,11-31 – o filho perdido. Jesus continua em seu caminho para Jerusalém e o capítulo 15 é central no Evangelho de Lucas. Trata do tema preferido deste evangelista: a misericórdia, a compaixão (cf Lc 1,50. 58.72; 6,38; 10,37; 15,20; 17,13). As três parábolas deste capítulo não devem ser lidas sem considerar os dois primeiros versículos do capítulo: “E chegavam a ele todos os publicanos e pecadores para ouvi-lo. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles”. (v 1-2). As três parábolas são dirigidas aos doutores da Lei e fariseus que murmuram contra Jesus que acolhe os “perdidos”. Cobradores e pecadores são dois grupos sociais que são excluídos, que vivem à margem da sociedade. São considerados “impuros”. Sua vida não está de acordo com os preceitos e exigências da “religião oficial”. “Mas, os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus dizendo: esse homem acolhe pecadores, e come com eles!” (15,2). A murmuração dos fariseus e doutores da Lei contra o modo de agir de Jesus aparece várias vezes ao longo do Evangelho (5,30-32; 16,14-15; 18,9; 20,20-21). Sua doutrina sobre o “Deus santo e puro” está em desacordo com o modo de ser de Jesus que “come com pecadores”. As parábolas não querem dizer que Deus prefere o pecador ao justo. Elas ressaltam o mistério do amor de Deus que se alegra em acolher o pecador arrependido ao lado do justo que persevera. Certamente Jesus critica a pretensão dos fariseus e doutores de se acharem justos e santos e de julgarem que os outros não são. Jesus quer instaurar uma nova mentalidade, um outro jeito de ser. Ele quer a “cultura da misericórdia e da compaixão” e não da exclusão e da condenação.
Na terceira parábola se evidencia como Jesus experimenta Deus. Com certeza ele não quer que o povo da Galileia, tão sofrido e oprimido, excluído pela religião e pelo sistema politico-econômico, imaginasse Deus como um rei, um senhor ou um Juiz. Ele experimentava Deus como um pai incrivelmente bom. Na parábola do filho perdido ele mostrou o quanto Deus é bom. Um pai, cuja bondade é um mistério que escapa à nossa capacidade de compreensão. Mais um aspecto presente nas parábolas é o da alegria. Tudo termina em alegria, festa, confraternização. Um recorte do lema do mês da Bíblia deste ano, extraído do livro de Miqueias: “Praticar a justiça, amar a misericórdia e caminhar com Deus”. O profeta ordena “amar a misericórdia” e Paulo aos romanos afirma: “Aquele que exerce a Misericórdia, exerça com Alegria” (Rm 12,8). O rosto da Misericórdia é um rosto alegre, cheio de ternura e festa. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ

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