Saboreando a Palavra
A tragédia da insensibilidade – Lc 16,19-31 – A parábola do homem rico e do pobre Lázaro é muito conhecida e parece diretamente dirigida a nós nos tempos atuais. Continuamos acompanhando Jesus a caminho de Jerusalém, caminho este de formação dos discípulos e de catequese sobre a vida cristã para todos os tempos. O tema central do ensinamento do Capítulo 16 é a questão da riqueza. Em Lc 16,13, texto do25º domingo do TC, Jesus proclamava a todos: “NÃO PODEIS SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO”. Prosseguindo, o v. 14 afirma que “os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas estas coisas, e zombavam dele”. No Evangelho deste 26º domingo do TC temos o julgamento de Deus sobre a distribuição das riquezas. A Parábola do homem Rico e do pobre Lázaro tematiza a questão de forma dramática. Descreve os personagens com as imagens mais fortes que se possa imaginar. Vai aos extremos para acentuar a radicalidade da opção a ser feita. É impossível “servir a Deus e ao dinheiro”. E esta impossibilidade está muito bem descrita na parábola. Olhemos para a situação de vida dos dois: o homem rico se veste de púrpura e linho, uma vida de luxo e ostentação. Só pensa em “dar todos os dias esplêndidos banquetes”. Seria alguém das mais altas elites do tempo de Jesus. Uma figura quase que inimaginável. Impossível alguém se banquetear todos os dias. É um personagem criado por Jesus para nele concentrar seu ensinamento sobre a tragédia da insensibilidade de quem acumula bens e não é solidário com quem nada possui. Este rico não tem nome, não tem identidade, não é ninguém, pois sua vida é vazia de compaixão, é um fracasso, sua insensibilidade é uma tragédia. Deitado junto à porta de sua mansão está estendido um mendigo. Outro personagem criado por Jesus para nele concentrar tudo o que o que de miséria, de aviltante, de desumanização. Este homem não está coberto de linho e púrpura, mas de feridas. Não sabe o que é um banquete, não lhe dão o que sobra da mesa do rico. Ninguém o ajuda. Não possui nada. Só tem a solidariedade dos cães que lhe lambem as feridas. É alguém ignorado, descartado, inexistente para o mundo dos ricos. Mas para Jesus, este pobre tem identidade, tem um nome portador de esperança: “Lázaro” significa “meu Deus é ajuda”. Seu nome significa tratar-se de todos os que colocam sua sorte em Deus. A morte de ambos reverte a situação: quem vivia na riqueza está destinado aos ”tormentos”, quem vivia na pobreza se encontra na paz de Deus. É bom que observemos que o rico não é condenado por ser rico, mas porque não é solidário com os pobres, é autossuficiente, egoísta, serve ao Dinheiro. O pobre se salvou, não porque é bom, mas porque na realidade do Reino de Deus, os pobres vão ser acolhidos no seio de Abraão, onde reina a solidariedade, a acolhida, a partilha, a sensibilidade, a misericórdia. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ
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