Saboreando a Palavra

28/08/2018

“NASCE UM HOMEM NOVO” – Lc 19,1-10 – A narrativa de Zaqueu, evangelho do 31º domingo do TC, é colocado no final da “seção do caminho” que vai de Lucas 9,51 a 19,27. Segundo Lucas 9,51, Jesus decide tomar “resolutamente o caminho de Jerusalém”. O Evangelho de Lucas é denominado de “evangelho do caminho”, uma vez que a parte central dele está nos gestos e palavras de Jesus realizados ao longo da sua caminhada para Jerusalém. Enquanto “caminham”, Jesus vai revelando e ensinando o que é o Reino de Deus e o que é preciso ser e fazer para ser seu discípulo/a. Em 19,1 ele se encontra em Jericó, a última parada antes de chegar a Jerusalém, etapa final de sua peregrinação. Ao longo desse caminho, Jesus foi mostrando quem participa do Reino de Deus e como isso acontecerá. Mostra como os excluídos ou perdidos terão um lugar nesse Reino. Não é por acaso que o evangelista oferece uma ficha completa de Zaqueu. O nome Zakkai, em hebraico, significa limpo, puro, inocente. Como e por que esse homem, de nome tão bonito, tem um comportamento tão estranho? Vive à custa da miséria do povo cobrando impostos para o Império Romano. A narrativa tem objetivo catequético. Já conhecemos os detalhes desta narrativa. Zaqueu quer ver Jesus e então, por ser baixinho e por causa da multidão, subiu numa árvore. Atitude um tanto estranha para uma autoridade como Zaqueu: “chefe dos cobradores”. Parece que não é só Zaqueu que quis ver Jesus, mas Jesus também quis ver Zaqueu. Ao chegar ao local, Jesus olhou e viu Zaqueu em cima da árvore. Mas Jesus não quer ver Zaqueu em cima de uma árvore, mas na sua casa. A casa, em Lucas, é símbolo da comunidade. Ao chegar à sua casa e Jesus presente nela, Zaqueu compreendeu o projeto do Reino de Deus. Então nasce um novo homem. Um homem generoso: doa a metade de seus bens aos pobres. Agora ele é capaz de superar a lei e mergulhar na generosidade. Não há lei que obrigue doar a metade dos bens aos pobres. Devolve com juros, quatro vezes mais o que roubou e ainda se reconhece ladrão. Zaqueu não pergunta a Jesus sobre o que fazer para ganhar a vida eterna como aquele homem rico fez (Lc 18,18-23), mas a partir da convivência com Jesus na casa, toma a iniciativa de repartir e doar. O lugar privilegiado da prática é a comunidade, a convivência em comunidade. Os que dificultavam Zaqueu de ver Jesus, criticam-no por hospedar-se, ir conviver com Zaqueu. Zaqueu arriscou-se para ver Jesus. E Jesus responde a todos: “Hoje a salvação entrou nesta casa”. A partilha gerou comunidade, gerou salvação. Não se trata de uma questão individual, mas comunitária, social, fraterna, eclesial. Olhando o acontecimento de Zaqueu podemos resumir em sete passos significativos para todos nós: a) desejar ver; b) criar um jeito de ver; c) ver e ser visto; d) obedecer à ordem de Jesus = desce depressa, hoje preciso ficar em tua casa; e) acolher Jesus na própria casa e compartilhar a vida com ele; f) colocar Jesus no centro da vida, de tudo; g) colocar a vida e os bens a disposição de Jesus. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ.

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