Saboreando a Palavra

28/08/2018

“O povo viu uma grande luz” – Mt 4,12-23 – No 3º domingo do Tempo Comum o evangelista Mateus narra a primeira aparição pública de Jesus dando início à sua missão. Mateus cuida bem do cenário, que não se trata, certamente, de uma descrição geográfica, mas visa destacar o sentido catequético-teológico daquilo que narra. Apaga-se a voz do Batista, “que foi preso” e começa-se a escutar a voz de Jesus. “O povo viu uma grande luz”. Desaparece a paisagem seca, sombria, desabitada do deserto e o cenário agora é a Galileia, a “Galileia das nações”, com seu dinamismo, sua vida, seu povo, suas terras férteis, seu mar. Tudo sugere o aparecimento de uma vida nova, de um novo projeto de vida, de uma nova luz. Jesus deixa Nazaré, aldeia mais interiorana e vai morar em Cafarnaum, lugar de mais circulação de pessoas, de ideias, de novidades. Por ali passa uma rota comercial. Jesus passa a morar num centro estratégico para anunciar a Boa Nova do Reino e quer que ela se difunda por todos os recantos. E seu primeiro anúncio é claro: “CONVERTEI-VOS, POIS O REINO DOS CÉUS ESTÁ PRÓXIMO”. “Convertei-vos”, palavra tão repetida no Evangelho e na vida da Igreja. Não parece que Jesus esteja dizendo que a conversão tenha aquela conotação negativa de “fazer penitência, levar uma vida de austeridade, de deixar de fazer isto ou aquilo”. Conversão é mudar o modo de ver e de pensar, deixar de caminhar nas trevas e passar a caminhar na luz, na alegria da vida nova. O cenário descrito por Mateus é metáfora desta conversão. Deixar o “deserto”, o isolamento e vir para o meio do povo onde circula a vida, as relações, a fraternidade. “O reino está próximo”. Para isto Jesus começa a chamar seus colaboradores. Chama-os de seus postos de trabalho, chama pessoas ocupadas em sua sobrevivência, chama trabalhadores simples e pobres e “de ora em diante serão pescadores de homens”. O Reino é a grande luz que Jesus traz para a vida do mundo e esta luz é difusiva. Daí a urgência de “deixar imediatamente o pai, o barco e as redes, e sair em seguimento a Jesus”. Não há tempo a perder, pois “Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando toda doença e enfermidade do povo”. Resgatar a vida dos pobres, doentes, excluídos, marginalizados, esta é a grande luz para o povo que “andava nas trevas”. Ir. Zenilda Luzia Petry – IFSJ